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Produtora uruguaia visa facilitar venda de medicamentos à base de canadibiol

em Negócios
sexta-feira, 16 de abril de 2021

Visando o mercado de cannabis nacional, a Productora Uruguaya de Cannabis Medicinal, PUCMed, promete importar ao Brasil medicamentos à base de canabidiol com preços mais acessíveis, a partir do segundo semestre.

A produtora conta com parceria com a Cannabis Company Builder (CCB), primeira aceleradora de startups da América Latina voltada para o mercado da cannabis, que desembarcou em solo brasileiro neste mês. Além da parceria, a PUCMed planeja trabalhar com preços reduzidos por conta de sua verticalidade e das vantagens possibilitadas pela aliança estratégica entre Brasil e Uruguai.

No ano passado, a Anvisa liberou o extrato de canabidiol para fins medicinais, a partir de medicamentos vendidos em farmácias sob prescrição médica. Esses fármacos podem, por exemplo, auxiliar no tratamento da epilepsia, esclerose, fibromialgia, dores crônicas derivadas do câncer, no combate ao estresse, depressão e ansiedade, por seu efeito analgésico.

Na pele, a acne, a dermatite e a psoríase também podem ser tratadas pela cannabis medicinal. Os componentes da planta, inclusive, estão sendo utilizados em produtos de skincare por sua ação anti-envelhecimento e anti-inflamatório. Fundada em 2018 no Uruguai, a PUCMed foi criada por um grupo de brasileiros e uruguaios integrado por médicos e profissionais do mercado financeiro.

Liderada pelo médico brasileiro Alfonso Cardozo, a empresa foi escolhida pela CCB por causa de sua preocupação com a qualidade da matéria-prima, especialmente para a formulação de medicamentos. O cultivo da cannabis, por exemplo, é feito de forma 100% orgânica e hidropônica, e, com isso, a planta tem denominação de origem quando comercializada. A produtora atualmente está avaliada em aproximadamente 18 milhões de dólares.

O representante da CCB no Brasil, o empresário Afonso Braga Neto, comenta a aquisição da PUCMed pela aceleradora. “É uma empresa verticalizada, que desenvolve sua própria genética. Ela faz desde o plantio até a colheita, para posteriormente fazer a extração do substrato contendo os canabinoides usados nos medicamentos. Por conta dessa verticalização, conseguimos reajustar os preços de toda a cadeia de produção, tendo em vista que cuidamos dela do começo ao fim”, explica.

“Agora, com uma unidade no Brasil como importadora e distribuidora, o processo fica mais simples”. Afonso aponta a proximidade geográfica entre Uruguai e Brasil como uma grande vantagem, já que o país vizinho é pioneiro em produzir cannabis de forma legal e regulada pelo estado. Assinado por decreto presidencial desde 2013, o Uruguai autoriza a produção de cannabis para uso industrial e farmacológico, além do uso recreativo adulto.

“O custo de produção é um terço do valor nos países do hemisfério norte, fora o imposto, que também é menor, em comparação a esses países. Sendo assim, nossos produtos chegam mais baratos aos consumidores brasileiros, sem perder a qualidade. Vamos importar um ingrediente farmacêutico ativo (IFA) de altíssimo valor agregado”. Para dar conta da capacidade de produção, agora que passa a operar no país, a PUCMed montou uma grande infraestrutura.

A empresa espera crescer sua produção de canabidiol no cultivo indoor e outdoor, em 52% e 73%, respectivamente, até 2022. Uma vez que a importação de medicamentos à base de cannabis é permitida pela Anvisa sob prescrição médica desde 2015, a PUCMed já tramita o registro desses produtos. A promessa, segundo Afonso, é de que esses fármacos cheguem aos pacientes a um preço ajustado à realidade brasileira.

“A nossa expectativa é mudar esse panorama. Hoje, o medicamento de cannabis é vendido por mais de dois mil reais. Ao tornar viável a participação de empresas no mercado brasileiro, o mesmo medicamento pode chegar ao paciente por um preço muito menor, na faixa dos 400 reais”, destaca. “No momento, a Anvisa não permite a importação de fitofármacos por empresa, somente via importação individual, o que acaba aumentando o preço final do produto. A lei brasileira deveria ser mais flexível, justamente para que os medicamentos sejam mais acessíveis a quem precisa deles”, afirma Afonso.

“Vemos a angústia e anseios de pais, por exemplo, cujos filhos necessitam dos medicamentos à base de cannabis para ter bem-estar e uma vida mais digna”. Mesmo dentro desse delicado contexto, Afonso e outros empresários do ramo enxergam com otimismo o futuro do mercado de medicamentos canábicos no Brasil.

O mercado mundial de cannabis legal faturou em média 26,1 bilhões de dólares em 2020, de acordo com o Expert Market Research & Business Wire, e a projeção é que chegue a 166 bilhões de dólares até 2025.

No contexto brasileiro, o setor tem a oportunidade de movimentar o equivalente a 6,5% do faturamento total da indústria farmacêutica, que representa 2 bilhões de dólares. A iniciativa da PUCMed busca surfar nessa onda e atuar em um mercado que ainda está se solidificando no país. Fonte: (www.blackcomunicacao.com.br).