Além de inserir a presença da tecnologia no ambiente de trabalho, o gestor deve pensar em políticas favoráveis à inclusão digital e a participação dos colaboradores
Fabio Carvalho (*)
A transformação digital é uma realidade cada vez mais comum entre o empresariado. Grande parte desse prestígio é justificado na prática, na medida em que a utilização inteligente de ferramentas inovadoras potencializa o desempenho dos profissionais e abre portas para novas perspectivas estratégicas. No entanto, para se atingir esse nível de maturidade tecnológica, é de suma importância que os líderes corporativos enxerguem o tema sob um escopo amplo e inclusivo, considerando a valorização de todos os componentes essenciais para o andamento de qualquer negócio. Certamente, isso significa compreender o papel das pessoas em meio ao fenômeno digital.
Como fazer com que os benefícios ligados à máquina sejam refletidos no cotidiano operacional das equipes? Afinal, de nada adiantará contar com plataformas de automação se as mesmas forem incapazes de provocar os efeitos desejados. É preciso ir além do lugar comum e pensar nas consequências de uma cultura organizacional impactada pela automatização. Para os próximos meses, em que o quadro de recuperação econômica deve pautar o planejamento das empresas, essa discussão ganha um forte caráter de obrigatoriedade.
Oportunidade para valorizar os profissionais
Em outros tempos, seria comum se deparar com noções equivocadas sobre o real propósito da tecnologia e sua relação com os profissionais. Atualmente, está claro que a inovação não chegou para substituir as pessoas e retirá-las de seus cargos, pelo contrário, trata-se de uma alternativa operacional cujo caráter conciliador visa simplificar o dia a dia das empresas, assumindo a responsabilidade de atividades repetitivas e exaustivas.
Com a automatização dessas tarefas de pouco valor estratégico, será possível redirecionar os colaboradores para funções muito mais subjetivas e complexas, que exigem uma abordagem única à mente humana. Antes de qualquer mudança radical no sistema de trabalho, o gestor precisa se apoiar na ideia de que os maiores beneficiados devem ser as equipes de trabalho.
A importância do acesso democrático aos dados
Os dados representam outra movimentação primordial para que a inclusão digital seja conduzida com sucesso dentro das organizações. Com o crescimento e a própria expansão de determinado negócio em seu mercado de atuação, é natural que ocorra um aumento considerável nas demandas voltadas para o fluxo informacional. Chegando para unificar diversas fontes internas e solidificar uma estrutura que garanta a integridade das informações, a tecnologia contribui para a geração de insights proveitosos e de alto valor estratégico, sendo preponderante que esses materiais estejam ao alcance de todos os profissionais, sem distinções.
Uma cultura orientada à inteligência analítica não pode abrir mão do impacto dos dados para a realidade das pessoas, seja no dia a dia, quanto a métodos de trabalho e escolhas cotidianas, ou a longo prazo, na construção de planejamentos estratégicos com objetivos mais amplos. O respaldo tecnológico é essencial e acompanha a urgência por resultados satisfatórios, sem espaço para falhas críticas e decisões pouco embasadas.
Existe transformação digital sem inclusão?
Investir na disseminação da tecnologia e seus frutos produtivos, e torná-los acessíveis internamente, é a porta de entrada para um novo patamar operacional. Decisões conscientes e seguras, somadas ao incentivo do desenvolvimento e capacitação dos profissionais em suas devidas aptidões, não só favorecem à eficiência das atividades e, por consequência, o crescimento do negócio, como tornam possível a sustentação de um ambiente corporativo no qual a coexistência entre ser humano e máquina é tratada com otimismo e enriquecimento diário.
Por fim, enfatizo que o processo de transformação digital, com todas as suas vantagens comprovadas e um prestígio crescente no mercado, só é completo se estiver palpável na rotina empresarial. Em outras palavras, é por meio da interatividade e o aprendizado contínuo que as empresas podem reformular seus procedimentos e conquistar uma posição de destaque no mercado.
(*) É Desenvolvedor Sênior na Receiv – Sistema de Cobrança Inteligente, especialista em Ciência da Computação com know-how avançado em programação.