Renato Alves (*)
Já não é mais novidade que a pandemia impulsionou os brasileiros a apostarem no próprio negócio e enxergarem o empreendedorismo como uma fonte de renda.
De janeiro a setembro de 2020, a quantidade de microempreendedores individuais (MEI) cresceu 14,8% quando comparado com o mesmo período do ano anterior, chegando a 10,9 milhões de registros, segundo dados do Portal do Empreendedor, do Governo Federal. Ao mesmo tempo que o nosso país oferece diversas possibilidades, dificuldades burocráticas devido a mentalidade conservadora do mercado, desmotivam as pessoas de tirarem os planos do papel.
Estamos vivendo um momento muito propício para se pensar em internacionalização. Com a globalização e o fácil acesso a informações, levar uma empresa para fora é um desafio menor do que já foi um dia. De acordo com uma pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral (FDC) – escola de negócios brasileira com padrão e atuação internacionais de desenvolvimento e capacitação – 71,9% das companhias aumentaram os investimentos no mercado externo.
Ou seja, o processo de internacionalização passou a ser uma estratégia para as organizações acelerarem o crescimento e compensarem as perdas financeiras. Em um contexto de crescentes mudanças, estudar as variáveis e problemáticas em torno dos mercados externos é fundamental para o sucesso de uma marca.
Além de definir metas a serem atingidas e o orçamento necessário, identificar países potenciais, analisar fatores macro e microeconômicos, conhecer as diferenças de mercado, as regras e os processos que os definem, entender as exigências legais e verificar a presença de concorrentes no local, por exemplo, são alguns dos cuidados para se levar em consideração. Registrar a empresa no país escolhido também é primordial para protegê-la internacionalmente.
Obter uma marca global aumenta a credibilidade e reforça o reconhecimento pelos consumidores brasileiros. Além disso, apostar no comércio exterior é uma excelente alternativa para quem deseja ficar cada vez menos vulnerável à volatilidade que enfrentamos atualmente no mercado brasileiro.
Dentre outras vantagens, destaco o potencial para aumentar o faturamento da firma, por conta da taxa de conversão das moedas; a diminuição dos custos de vários setores da companhia, como mão de obra e matéria-prima; e atualização do modelo de negócio, uma vez que a inovação passa a fazer parte do jogo.
Indiscutivelmente, os Estados Unidos, berço do capitalismo, lideram com larga vantagem a entrada de brasileiros e empresas brasileiras em seu território. O que tenho visto, é que a grande maioria dos empresários têm optado pela região devido à pujança financeira e pela segurança econômica, política e contratual.
Ainda com base na apuração da Fundação Dom Cabral, observamos forte presença de internacionalização das empresas brasileiras na Europa, sendo o Reino Unido, a França, a Espanha e a Itália os países com a maior concentração. Dentre os países asiáticos, a China é o principal destino das nossas companhias. Acredito que a internacionalização deverá ser uma constante nos próximos anos. Uma vez iniciado o processo, podemos passar por ajustes, mas não regressar.
Ao contrário do que se possa imaginar, o comércio exterior de empresas brasileiras é algo extremamente positivo para o desenvolvimento do Brasil, uma vez que quando marcas nacionais conquistam espaço na economia mundial, auxiliam nos resultados do balanço de pagamentos do país e ajudam a culminar uma indústria nacional forte, tecnologicamente avançada e competitiva. Atuar em outros países não é uma tarefa fácil, mas pode render maior solidez aos envolvidos.
Como bom brasileiro, torço para que consigamos evoluir de forma expressiva na internacionalização e que nossas marcas sejam conhecidas em todo o mundo. Especialistas apontam que o Brasil será um dos últimos países a retomar a economia depois da crise do coronavírus e, se eu pudesse dar um conselho aos empreendedores, seria buscar a ajuda de profissionais especializados para auxiliar nas possíveis dúvidas.
2021 começou e temos infinitas chances de dar o pontapé inicial na evolução dos nossos projetos. Diante de tanta instabilidade, o dólar apresenta o menor risco de desvalorização e inflação. Não há o que temer!
(*) – É Diretor de Expansão da Bicalho Consultoria Legal, empresa especializada em migração, internacionalização de negócios e franquias.