Luis Dix (*)
Certa vez, me pediram para dar aula de Teoria Geral da Administração para uma turma de 1º ano de graduação.
Passado o susto do público, me deparei com um conceito antigo, mas atualíssimo: empresas existem para cuidar das suas comunidades. Produtos e serviços são criados – e vendidos, por que não? – para melhorar as vidas das pessoas. Estamos falando de empresas com propósito na essência! E empresas que pensam nas suas comunidades são mais vencedoras.
Não é simples retórica. Desde a sua criação em 1999, o Dow Jones Sustainability Index (DJSI) tem performance melhor que o Indice Dow Jones “puro”. O DJSI é composto pelas empresas líderes em retorno aos acionistas, ponderado pelos riscos Econômicos, Ambientais e Sociais. Em outras palavras, empresas que são ESG (Environmental, Social and Governance).
Após quatro anos trabalhando no 3º setor (depois de 25 anos de mundo corporativo), é fácil perceber que muitas empresas querem, de coração, achar o seu propósito – basta vermos os mais de R$ 6 bilhões doados na pandemia. Mas, não é um processo fácil. Principalmente para as mais antigas, que já passaram por diversas transformações e ciclos. E, sim, ser uma empresa ESG é um novo começo.
Assim como ser digital. Precisa estar no centro, ser foco. Não é fácil dar o primeiro passo, nem são rápidos os resultados. Mas é essencial que se faça esse movimento. Investidores já preferem empresas ESG. Não estamos falando só de reduzir a quantidade de impressões ou “pagar” pelas pegadas de CO2, ou dar brinquedos para alguma Organização Social no dia das Crianças e Natal.
Estamos falando de se ter processos internos que respeitem a sociedade, começando pela interna, e gerem produtos, serviços e impactos positivos. Ilusão? Poliana? Não. É realidade. A empresa precisa garantir resultados concretos e duradouros. Precisa ter controle sobre o investimento ambiental e social, assim como uma governança dos seus negócios e parceiros.
As empresas não precisam criar ONGs próprias. Podem contar com organizações sérias que já fazem o trabalho de colocar a mão na massa. O quanto antes as empresas começarem a pensar nisso, mais rápido vão se adaptar e ganhar mercado. Podem até chamar de “novo normal”, mas o fato é que não é novo, mas é cada vez mais normal. Em 1999, somente 280 empresas compunham o DJSI. Em 2019, já eram 1.166.
E, acredite: fazer bem e o bem fazem bem. A todos!
(*) – É Gerente Executivo de Desenvolvimento Institucional da Liga Solidária (fundada em 1923 como Liga das Senhoras Católicas de São Paulo), organização social sem fins lucrativos (www.ligasolidaria.org.br).