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Beco sem saída

em Artigos
quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)

A dívida subiu muito ao longo do tempo, sem responsabilidade, quando se imaginava que ela poderia aumentar indefinidamente.

O tabelamento do dólar com juros altos acabou tardiamente, o que criou a ilusão de poder; mas o que não funciona com bens em geral, também não funciona com o dólar. O estrago se vê na dívida, desindustrialização, despreparo das novas gerações. Entramos no beco sem saída? A história é pouco estudada. A geopolítica é o domínio dos fortes sobre os fracos, impedindo que saiam desse estágio.

No Brasil, a economia foi se formando sem autonomia – país exportador de primários, com regime escravocrata de trabalho. Com isso, o dinheiro praticamente não circulava, o país não evoluía. A independência, em 1822, não foi bem aproveitada, basta lembrar que países africanos e Índia só tiveram sua emancipação recentemente no pós-guerra. Inglaterra e EUA souberam tirar proveito disso, enquanto a Europa colonizava os países da África.

D. Pedro II era respeitado internacionalmente por ter uma visão de Brasil forte e independente. O Barão de Mauá tinha faro empresarial e queria tirar o país do atraso. A princesa Isabel tinha plano de integração da mão de obra após a lei Áurea. Os golpistas da república nada fizeram e o país foi atrasando mais e mais. Para aqueles que ansiavam por tirar proveito do Brasil, a república e seus políticos maleáveis eram tudo o que queriam A história da humanidade tem sido alvo de manipulação conforme os interesses do poder. Livros que contavam a verdade chegaram a ser destruídos por tiranos.

Rússia e Cuba se inseriram no cenário e com sua ideologia fizeram a cabeça dos universitários. Os militares tomaram o poder. Devolvido o poder aos civis, ainda não tivemos uma governança decente: crise da dívida externa, tabelamento do dólar, juros nas nuvens, desindustrialização, despreparo das novas gerações, drogas e tudo o mais. Até parece que o Brasil foi vítima de um plano internacional, com cúmplices internos, para manter os recursos intocados. Os homens com mania de grandeza caem do cavalo. Empréstimos em dólares que tinham juros baixos passaram a mais de 20% nos anos 1980. Brasil, México e outros países quebraram.

No século 21, a China acumulou reserva em dólares e de mansinho foi avançando pelo mundo. Fazer intercâmbio de ideias e dialogar é ótimo; convencer os outros é complicado porque esbarra nas crenças. São fatos e opiniões e cada pessoa, com sinceridade, vai tirando suas próprias conclusões. Da antiga sabedoria da humanidade pouco restou. Poucos se lembram das leis mais profundas da vida, que são universais, ou seja, as leis da Criação, que em sua atuação automática regem tudo, trazendo de volta, a cada ser humano, o destino criado por suas próprias resoluções como se fosse a colheita das sementes plantadas.

Explicações sobre a vida foram dadas com simplicidade para algumas figuras destacadas como Zoroaster, Buda, Lao Tse, mas pouco restou dos ensinamentos originais. Com o passar do tempo foram surgindo filosofias ajustadas aos interesses materialistas, mas examinadas atentamente mostram que falta a Luz da Verdade.

Há milênios a humanidade tem seguido por caminhos errados em vez de buscar o aprimoramento da espécie e o viver pacífico. Descontentamento é revolta contra as condições em que a pessoa se encontra, que é a colheita de seu próprio semear em oposição às leis da Criação, e que pode ser atenuada e modificada com gratidão e alegria pela nova oportunidade que a vida oferece.

No Brasil, há a questão da baixa eficiência no gasto e dívida elevada. Países como Grécia, Itália, Espanha e outros sem tantos abusos, também estão mal, sem falar da Argentina. Com acréscimo de 15 trilhões de dólares nesses meses de parada geral, a montanha de dívida pública cresce pelo mundo como bomba; a questão é como esse problema será resolvido.

Está tomando corpo uma nova determinação do povo de dar um basta à destruição e ao saque das riquezas da natureza; de querer programas de aprimoramento das novas gerações, com qualidade de vida. O Brasil quer renovação, quer tirar os inservíveis da gestão pública, reorganizar tudo. Quer que Estados e municípios sejam governados por pessoas idôneas, capacitadas, patriotas e com força de vontade para o país sair do beco.

(*) – Graduado pela FEA/USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, realiza palestras sobre qualidade de vida. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). E-mail: [email protected]; Twitter: @bidutra7.