Thomas Barth (*)
Vivemos um cenário único na economia global, e ainda estamos apenas começando a avaliar seu impacto no mercado de fintechs.
Em meio a uma pandemia que afeta, em maior ou menor grau, todos os setores, vemos a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendar pagamentos por aproximação para reduzir o risco de contaminação, além das lives de artistas popularizando o uso de QR Codes para doações.
Paralelamente, o Banco Central prepara o Open Banking e os pagamentos instantâneos, importantes para avançarmos com novos modelos de negócios, com a implementação prevista para outubro de 2021. A Associação Brasileira de Fintechs estima que 700 novas fintechs nasçam com a consolidação dessas tecnologias, quase dobrando o número atual.
Tivemos um primeiro boom de fintechs em um momento mais estável da economia. Muitas dessas empresas oferecem serviços semelhantes e são ligadas a grandes instituições financeiras, pela dificuldade em conseguir licenças para atuar de forma independente. Isso limita o quanto elas podem ser disruptivas.
Hoje, com o início previsto do PIX (sistema de pagamentos instantâneos) e terminais POS que já aceitam mais de 10 QR Codes diferentes, estamos nos aproximando de uma ampla disputa pela aquisição de usuários. Um dos grandes desafios deste novo cenário, que vai determinar a consolidação das empresas do ramo, é que a forma de atrair e fidelizar clientes está mudando.
O mercado se apoiou muito no cashback e em serviços gratuitos para atrair usuários. Agora, o cliente começa a fazer escolhas levando em conta a experiência de consumo, onde se sente melhor atendido e mais confiante. Ao mesmo tempo que as fintechs têm sido cada vez mais pressionadas para encontrarem novas formas de rentabilização.
Não será fácil, mas acredito que nos direcionamos para um novo cenário nacional de fintechs, com grandes players, verdadeiramente disruptivos e inovadores, se destacando e se apropriando das inovações tecnológicas.
(*) – É Head de Fintechs do Grupo Movile.