Augusto Roque (*) e Rogério Amado (**)
Tudo mudou com a Covid-19. Obviamente ninguém e nenhuma organização estavam preparados para viver esse momento bem como para assimilar a insegurança generalizada que essa pandemia proporcionou. A volatilidade do mundo VUCA nunca esteve tão clara no dia-a-dia tanto dos colaboradores quanto das organizações. Para as organizações, além das questões de saúde existe ainda os problemas relacionados à manutenção – ou não – dos empregos.
De um lado observamos empresários de todos os tamanhos tentando entender por quanto tempo as organizações irão sobreviver economicamente a isto tudo e de outro temos colaboradores completamente perdidos sobre o seu futuro financeiro, já que há um processo natural de fechamento de postos de trabalho, e a manutenção do sustento da sua família.
Buscando amparo para ambas as partes, o Governo Federal institui, através da MP 936, um Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda e dispõe sobre medidas trabalhistas complementares para enfrentamento do novo Coronavírus (covid-19).
Na tentativa de atender as diversidades vividas por diferentes empresas e setores, essa MP flexibilizou inúmeras ações possíveis. De acordo com essa medida provisória, a empresa pode adotar quatro caminhos:
- não demitir o colaborador, mantendo a sua jornada via home office (exceto aos trabalhos essenciais) e remuneração.
- Redução proporcional, em 25%, 50% e 70%, da jornada de trabalho e salário, por até 90 dias. (Neste caso, o governo segue as regras do seguro desemprego para pagamento do colaborador)
- Suspensão do contrato de trabalho por até 60 dias.
- Demissão sem justa causa
Com esta intervenção, o Estado tenta criar mecanismos de preservação do emprego e da renda, através da garantia da continuidade das atividades laborais e empresariais, numa tentativa de reduzir o impacto social causado não apenas na área da saúde, mas também no âmbito da economia.
Se por um lado essa flexibilização permitiu que cada organização buscasse a saída que melhor lhe atenda do ponto de vista econômico empresarial, por outro, criou para o colaborador uma incerteza tão grande quanto àquela já existente inicialmente, pois, para muitos, não saber o que a empresa irá fazer é tão ou mais delicado do que as dúvidas que pairavam antes da MP936.
O fato é que isso tudo é novo (e caótico) para todos.
Diante de tantas cicatrizes que estão sendo criadas, como os empreendedores, as organizações e suas lideranças podem gerar experiências marcantes diante do caos? O empreendedor que se planejou, possivelmente tem algum fluxo de caixa para sobreviver. Já para as organizações e lideranças, provavelmente a resposta dessa pergunta está nos meios de comunicação. Se enquanto empresa não podemos gerar certezas, que tentem ao menos gerar confiança através da transparência. Sua empresa pode não saber onde, quando e nem como isso vai terminar, mas, a partir do momento que tiver uma diretriz estratégica, comunique ao seu time. Dê a ele mais do que informação sobre a decisão tomada, busque envolver, senão todos, ao menos a maior parte do seu time nessa tomada de decisão. Dessa maneira suas relações entre organização e colaboradores estarão pautadas na confiança gerada pela comunicação transparente.
Aprenda a comunicar tudo à todos, sem medo. Essa pode ser uma excelente maneira para sua organização ofertar, diariamente, motivos para seu time confiar em você. Além de dar aos colaboradores uma maior clareza da real situação, é possível que sua própria equipe ajude a organização na tomada de decisão. Mais do que isso, ao ser transparente, você gera confiança e a lembrança que o empreendedor não é um carrasco que só pensa no dinheiro.
Em meio ao caos que descobrimos quem de fato está conosco. Pense nisso.
Até a próxima!
(*) É Membro dos Empreendedores Compulsivos, Sócio da Molécula – Instituto de Desenvolvimento Humano, especialista em Employee Experience, Propósito, Felicidade, RH 4.0 e Empreendedorismo, com mais de 20 anos de experiência como executivo, palestrante, professor e consultor. Tem Mestrado em Bem-Estar e Inovação pela FEI-SP e é bacharel em Administração pela FEI-SP. Autor do livro Empreendedorismo publicado pelo ESPRO.
(**) É Sócio da Molécula – Instituto de Desenvolvimento Humano Consultor Empresarial, Palestrante e Professor Universitário especialista em Employee Experience, Liderança Disruptiva, Gestão Tóxica, Recrutamento e Seleção. Tem título de Mestre em Políticas Públicas, pós-graduação em Educação, licenciatura em Matemática e graduação em Administração de Recursos Humanos. Possui mais de 20 anos de experiência profissional como executivo em organizações de médio e grande porte. Saiba mais em compulsivos.org ou pelo email: [email protected]/ [email protected]