Economistas já preveem uma forte recessão provocada pelo coronavírus nos próximos meses, o que leva as empresas a pensar em como se posicionar em condições macroeconômicas mais severas. Análises do Boston Consulting Group (BCG) com mais de 5 mil companhias em todo o mundo indicam que aproximadamente 15% das empresas adotam uma visão de longo prazo e apostam no crescimento quando os concorrentes estão se recuperando. Com isso, conseguem se diferenciar e crescer.
No Brasil, o BCG realizou uma apurada análise de gestão e performance em mais de 100 companhias brasileiras que estão entre as líderes em valor de mercado. Dentro deste grupo de empresas – que, juntas, abrangem cerca de 80% da capitalização da BM&F/Bovespa -, o BCG identificou aquelas que registravam baixo desempenho antes da última crise e, contrariando o senso comum, recuperaram a saúde financeira justamente num dos períodos de maior turbulência da economia brasileira dos últimos tempos, no período entre 2014 e 2018.
Para Juliana Abreu, sócia do BCG e uma das autoras do estudo, cinco características aproximam esse grupo de empresas que, mesmo diante das adversidades, obtiveram, entre 2014 e 2018, uma taxa média anual de retorno ao acionista (TSR) de 32. “Em comum, essas empresas apresentaram foco em eficiência, estratégia orientada para o crescimento e implementação de programas formais de transformação. Também tomaram a decisão cedo de implementar programas de transformação e mantiveram o rigor na execução dos seus planos”.
O estudo aponta que, com o foco em eficiência, mais da metade dos as empresas do grupo analisado reduziram despesas de SG&A como percentual das receitas em mais de pontos percentuais. As empresas com melhores resultados mantiveram uma orientação de crescimento, apesar do cenário de grande incerteza. Coletivamente, elas registraram taxa de crescimento anual de mais de 10% entre 2014 e 2018, desempenho notável, mesmo para economia não-recessiva (em comparação, as empresas com pior desempenho em nosso estudo cresceram em média 6,5% no mesmo período).
Além disso, a maioria das empresas com melhor performance (80%) contou com um programa formal de transformação, que incluíram, entre outros, a reestruturação da companhia e corte de custos, por exemplo. No grupo com baixo desempenho, em comparação, apenas 40% das empresas estruturaram programas de transformação. Por fim, as líderes foram altamente disciplinadas em seguir as iniciativas elencadas desde o início, com estabelecimento de KPIs e metas claras. Fonte e mais informações: (http://www.bcg.com).