Heródoto Barbeiro (*)
O debate está acirrado na mídia. Jornais e outras plataformas não dão um minuto de sossego para o chefe do poder executivo.
Mais do que uma troca de ideias ou propostas de governo, o debate baixa o nível e vira caso pessoal. Inicia-se o chamado “bateu, levou”. Tudo o que o país não precisa para poder se reerguer economicamente. O governo anterior foi um desastre e o assalto ao cofre público foi mais acirrado do que a capacidade da população pagar impostos.
Os órgãos do governo sofrem de uma verdadeira limpa com dinheiro retirado e mandado para fora do pais. É mais seguro. A pressão das nações credoras é grande e ninguém sabe qual a saída para a crise.
Há uma mistura de política, economia, insatisfação sobre os rumos do pais, e até da vida familiar do mandatário. Uma camarilha de privilegiados, vinda do governo anterior, se apossa dos cargos públicos e ganha dinheiro com tráfico de influência, contrabando ou salários privilegiados. Até o sistema tributário é precário. Ser um funcionário do Estado é um sonho de boa parte da população, especialmente da capital do Brasil.
O comércio chega a níveis baixíssimos. A índustria praticamente não existe por causa da concorrência internacional, e os bancos ou não emprestam ou cobram juros altíssimos de empréstimos impagáveis. Investidores preferem locais mais seguros para o seu dinheiro. No meio dessa confusão o chefe do executivo ao invés de se ocupar com os grandes problemas nacionais, se envolve em pecuinhas. Suas aparições em público são motivos de chacota ou desafios. Até o seu filho mais novo é alvo da oposição política do governo.
Encontros na porta do palácio do governo geralmente terminam em troca de ofensas entre oposicionistas e o mandatário. Ninguém sabe exatamente para onde ele e seus ministro levam o Brasil. Uns consideram um avanço a abertura do comércio e uma aproximação com a Europa, outros dizem que isso leva a quebra das empresas brasileiras e favorece o capital internacional. Há um braço de ferro entre os chamados nacionalistas e tradicionalistas.
Do debate nos jornais para pancadaria de rua foi um pulinho. Os apoiadores do chefe de governo são organizados e não deixavam por menos. As manifestações, geralmente, terminam em grossa pancadaria. Até onde isso pode ir ninguém sabe. Um grupo de deputados e senadores preparou e distribuiu um manifesto violento e que não deixa dúvidas: era preciso tirá-lo do cargo em nome da paz e da tranquilidade.
As reações do mandatário se confundiam com bate boca em boteco abastecido com a cachaça da melhor qualidade. A vida pessoal e familiar do monarca também era alvo de críticas e uma boa parte do que se divulgava era pura fake News. É verdade que grande parte da população é estranha ao mundo político, manobrado por grandes proprietários de terras, de escravos, comerciantes e funcionários do alto escalão.
O país caminha rapidamente para uma guerra civil. A não ser que o imperador abdique o trono e volte para Portugal. D.Pedro I anuncia sua volta e passa o trono para o menino Pedro. Para uns, este episódio é a verdadeira independência política do Brasil, uma vez que, finalmente, foram cortados os laços coloniais que prendiam Brasil a metrópole.
Contudo uma crise sucede a outra, quem vai governar em nome do garotinho?
(*) – É editor-chefe e âncora do Jornal da Record News (www.herodoto.com.br).