David Fraga (*)
Quando falamos de novos mercados, produtos e nichos, logo pensamos em tecnologia, afinal é o que mais avança. Entretanto para entendermos esse comportamento é importante olharmos para o passado.
A cerveja por exemplo. Nos anos 80 “todo” homem bebia, nos 90 os jovens, no meado dos 90 as mulheres e em um mercado saturado, tentaram a bock que embora sem muito sucesso, abriu o caminho da cerveja gourmet que se sedimentou 10 anos mais tarde, como se o consumidor ainda não estivesse “pronto”.
Com os energéticos foi mais fácil.
A “geração saúde” crescia, os esportes chamavam a atenção e havia uma briga: “suquinho” era leve demais, “refri” saudável de menos, os
dietéticos e os Softs como “H2OH!” tinham
pego seu share.
Daí vieram os energéticos: Apelo incrível de
alegria, energia e descoberta.
Pegou atletas e baladeiros, os motoristas e plantonistas que atravessavam a
noite em claro, abrindo um mercado cheio de concorrentes.
Mas como prever estas
mudanças? Devemos estar atentos aos lentos incrementos de tecnologia e
comportamento.
Em 96 a Nintendo se dedicava a
um controle com captação de movimento, 10 anos mais tarde viabilizaram no Wii.
Cativando um nicho inteiro de usuários, conquistando fãs e abrindo um mercado
de controles diferenciados. Líderes de venda fizeram até a Sony buscar algo
similar.
Sim, o Kinect veio antes, mas sem jogos
tão atraentes, não fez contato com o coração do consumidor da mesma maneira, se
tornando uma famosa ferramenta de implementação de IOT em casa.
Hoje se discute mais a oportunidade financeira que a de
agradar o consumidor.
No que investir, Como conquistar o investidor e Qual o ROI? São perguntas mais
frequentes do que: como fazer parte da vida do meu consumidor? Ou: como vou
fazer bem ao meu consumidor?
Olhemos estes casos e
pensemos na “carne vegetariana” um nome que não faz sentido e uma busca
questionada pelos próprios vegetarianos, como diz Luiz Gongora (vegetariano há
20 anos) “vegetariano que tenta imitar carte é como um divorciado falando que a
ex era melhor”.
De olho na mudança de alimentação do mundo empresas surgiram e bateram recordes
na bolsa em investimentos para criar um substituto da carne .
Agora, motivados pelo que e para quem?
Para a população crescente ser alimentada de forma mais sustentável? Ou pelo
excesso de carne no organismo ser insalubre, porque a obesidade assola muitos
países e esta alternativa ajuda, porque a moda é ser politicamente correto,
para interromper a crueldade com animais ou porque as pessoas não querem trocar
seus hábitos mas ainda tem uma consciência? E outros milhares de motivos
razoáveis?
Todas as anteriores.
Isso mesmo, Enquanto os fast foods brigam pra ver quem faz o melhor “Hambúrguer
de Planta” as opiniões se dividem e os palavrões aparecem.
Este é um mercado promissor, mas será que a introdução melhor era nesse produto
? Justo um ícone como o hambúrguer?
Temo que sim, pois com insistência e permanência, a massa popular se
convence de milhares de coisas, e talvez estejamos vendo um mercado se moldar
através do dinheiro que fará a ideia grudar em nossas mentes de tanto insistir.
Assim as oportunidades se espalham na nossa frente e muitas vezes me admiro de
como prever o futuro é menos importante do que perceber que ele chegou.
Há 4 meses começaram a
falar de celulares com 2, 3 ou 4 câmeras que fazem não te deixar errar o
foco, cada câmera capta uma distância e depois junta tudo.
Mas para que mais serve esse recurso? 4 meses se passaram e o mercado já
se mexeu nesse sentido.
Se temos 2 câmeras (ou
mais) e cada uma foca em algo com distância diferente, com o algoritmo certo
seu celular pode medir distância entre os objetos em foco.
Assim ele calcula a posição e tamanho do cachorrinho fake deitado no chão,
graças a distancia do seu nariz das tuas orelhas poderá entender quando seu
rosto virou e fazer não só orelhinhas e linguinhas que viram, mas também o
Deepfake em casa.
Não diferente é calcular o tamanho de uma sala e colocar móveis 3D nela,
não numa foto, com a câmera aberta e em tempo real!
Imagine redecorar sua sala pela tela do celular, seu quarto ou o escritório
ainda não alugado sendo mobiliado antes de assinar, só usando as câmeras múltiplas
no aplicativo de um magazine qualquer que teve essa ideia.
Pois é, se você é desenvolvedor ou modelista 3D, é isso que deveria estar
fazendo há meses. Se é usuário, esteja certo que é isto que estará usando até o
natal.
Até a próxima!
(*) Membro dos Empreendedores Compulsivos, é antes de tudo um apaixonado por pessoas e suas atividades. É Sócio da JAM Propaganda e fundador da Escola Guilda de design. Palestrante de Atendimento à Clientes e Relacionamento Interpessoal, também o programa semanal dos Empreendedores Compulsivos na Radio Geek. Jogador convicto de RPG, se desenvolve hoje para atender pessoas com TDAH harmonizando seu aprendizado com os demais em sua escola.