Gustavo Perez (*)
Nesse sentido, é fácil entender que inovações tecnológicas e gestão pública deveriam caminhar lado a lado. Com o crescimento contínuo do número de dispositivos conectados no mundo, no entanto, esse potencial fica ainda mais evidente. Mas como, afinal, as cidades podem se beneficiar da transformação digital e da evolução dos serviços de TI?
O primeiro ganho, certamente, é a redução de custos. De acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, a adoção de processos de digitalização pode gerar a redução de até 97% nos custos de atendimento do setor público. No cenário atual, com as administrações governamentais cercadas pelas demandas de contenção de gastos, a aplicação de novas tecnologias se apresenta, portanto, como um caminho prático para diminuir as despesas.
Ao mesmo tempo, a transformação digital pode ser uma aliada eficaz para oferecer mais comodidade à população. Levantamento do governo federal indica que, hoje, os cidadãos compõem cerca de 20% do total de usuários dos serviços públicos digitais, ficando atrás apenas das empresas privadas, com 22%. Esse dado revela a existência de uma enorme demanda represada na oferta de aplicações e sistemas que podem tornar o relacionamento entre as pessoas e o poder público menos burocrático e mais ágil.
Embora o setor público de forma geral esteja empenhando esforços para aumentar o uso de tecnologia, é fato que as prefeituras ainda precisam percorrer um longo caminho nesse sentido. E os governos municipais são os que mais têm a ganham com a transformação digital, já que são responsáveis pela maior parte dos serviços utilizados pelos cidadãos em seu cotidiano em áreas essenciais como saúde, educação e arrecadação de impostos, entre outras.
Uma das principais vantagens para as prefeituras ao investir na modernização e digitalização, sem dúvida, é a automação de processos. Ao utilizar sistemas baseados em conceitos como Inteligência Artificial, Big Data, Analytics e Machine Learning, os municípios podem agregar mais agilidade e eficiência à prestação de serviços, reduzindo a ocorrência de erros em processos de solicitação de documentos e maximizando o acesso às informações dos portais de transparência pública. Outras áreas com grande potencial para inovações são as iniciativas de Mobilidade Urbana e Segurança, com a disseminação de sistemas de monitoramento de vias e envio de alertas e notificações aos usuários.
Porém, o maior exemplo de como esse trabalho pode gerar valor de forma constante está nas ações ligadas à área da Saúde, considerada prioritária pela maior parte dos brasileiros. Com o uso de aplicativos, dezenas de cidades ao redor do País já conseguem reduzir as filas para consultas e procedimentos cirúrgicos por meio da gestão inteligente e automatizada de informações. Esses municípios também passaram a oferecer mais comodidade aos cidadãos ao disponibilizar, em ambiente online, acesso a resultados de exames médicos e ao agendamento de procedimentos, eliminando a necessidade de comparecimento às unidades de Saúde.
Esses avanços contribuem para o aumento do bem-estar e da satisfação dos munícipes, ao mesmo tempo em que geram significativa economia às prefeituras. Segundo dados do documento “Estratégia Brasileira para a Transformação Digital”, do governo federal, cada atendimento presencial custa, em média, cerca de R$ 50 aos cofres públicos, enquanto os serviços digitais chegam a custar menos de R$ 2.
À medida que as inovações tecnológicas se consolidam no mercado, mais governos estão sendo levados a também buscarem meios de transformar seus ativos. Vale frisar, inclusive, que as prefeituras não devem esperar as iniciativas estaduais e federais para se preparem a nova realidade global. Ao contrário, os gestores municipais devem entender a adoção de serviços digitais como uma oportunidade dupla: em primeiro lugar, é uma chance de aproximar a administração da população, antevendo e simplificando a oferta de serviços às pessoas; além disso, a adoção de TI avançada pode significar uma extensa e profunda economia de recursos, algo extraordinariamente importante atualmente.
O desafio para as prefeituras, porém, é concretizar uma estratégia eficiente de transformação digital com o menor impacto possível à continuidade de seus serviços. Para isso, é aconselhável que os municípios contem com parceiros e oportunidades que tornem a jornada de digitalização mais econômica, viável e ágil.
Seja como for, a criação de cidades digitais é um caminho sem volta. As prefeituras terão de se adaptar a este mundo e o melhor é que façam esse movimento o quanto antes. Existem inúmeras possibilidades, mas deixar o tempo passar, sem dúvida, não é a melhor opção. É hora de agir e inovar.
(*) É Diretor Executivo da MTM Tecnologia.