José Augusto Figueiredo (*)
Muito tem se falado sobre a indústria 4.0, do impacto das novas tecnologias nos mais variados setores e da velocidade com a qual são exigidas mudanças sucessivas no mundo do trabalho.
Embora já haja alguns posicionamentos sobre como as pessoas estão inseridas nesse contexto de “rolo compressor” em termos de informações e competências, ainda cabem algumas reflexões. O desafio das lideranças nesse ambiente é de inspirar a inovação para a condução de novos produtos, serviços ou processos, equilibrando os negócios em transformação e o negócio principal da companhia, o “core business”.
Em verdade, as transformações tanto de mercado como tecnológicas trazem consigo incertezas e quebra de paradigmas que não têm respostas imediatas. Estamos vivendo tempos de novidades constantes, das quais as situações são completamente inéditas na medida em que a concepção é outra. Se antes as empresas controlavam tudo, através dos seus colaboradores, hoje os dados podem ser o centro de tudo. Será?
Observamos que a novidade que assusta é da ordem do conhecimento, ou seja, algo que pode ser aprendido ou aportado relativamente rápido. Entretanto, os desafios que travam e fazem a diferença, continuam sendo os humanos, por exemplo: motivação, medo, inspiração, emoção, reconhecimento e etc.
Um dos primeiros passos para quem está na liderança é evoluir suas verdades ou crenças, não só nas suas próprias, mas também as dos seus colaboradores e parceiros, pois a mudança rápida da mentalidade e das habilidades da força de trabalho irão determinar o sucesso das transformações necessárias na corporação e na vida.
A alteração na lógica do consumo, iniciada com o advento da internet e redes sociais, no qual o protagonismo é todo do consumidor, alcança outro patamar na medida em que os colaboradores também passam a ter papéis diferenciados dentro das corporações com bem mais acesso a dados e, consequentemente, tornando-se mais efetivos, automáticos, rápidos e simples. Todavia, as questões comportamentais que são propulsoras, continuarão fazendo a grande parte para a liderança de pessoas e times.
Acreditamos que cada profissional precisa adotar uma postura polivalente, a começar pelos líderes. O pensar fora da caixa há muito deixou de ser uma premissa. A questão agora é pensar em várias caixas e de diversas formas em cada uma, aprendendo o tempo todo, desaprendendo no momento seguinte para, em seguida, aprender de novo. Tudo isso numa velocidade avassaladora.
Neste contexto, em vez de se perder tempo na discussão de que profissões deixarão de existir, o foco deve estar em como cada uma de nós, enquanto líderes, podemos e devemos nos reinventar, estimulando esse comportamento nas equipes.
Vale ressaltar que os robôs são uma realidade e estão em toda parte, porém o ser humano ainda é e continuará sendo essencial. Esse terror psicológico de que as máquinas dominarão o mundo tem certo exagero. Pois, por trás de cada uma haverá sempre a emoção humana. A compreensão de acionistas e investidores, essencialmente nas corporações mais tradicionais e conservadoras, será essencial para a sobrevivência nesse novo mundo que se apresenta.
O olhar de sua liderança deve ser 4.0, no mesmo ritmo da revolução que está modificando o planeta, as relações, a economia e o mercado de trabalho de um modo geral.
(*) – É presidente no Brasil e vice-presidente na América Latina da Consultoria Lee Hecht Harrison (LHH).