Marcos Lucas (*)
As notícias referente a economia são, no geral, boas. Vemos a inflação recuando as taxas de juros caindo e abrindo boas perspectivas para o futuro.
Há, no entanto, alguns setores que não compartilham de tais indicadores. Por motivos muito particulares, a aviação é uma delas. Enquanto os preços do varejo seguem estáveis, não se pode dizer o mesmo dos bilhetes aéreos. O fim das operações da Avianca Brasil, além de diminuir a competitividade, tornou a demanda maior do que a oferta. O resultado não poderia ser diferente. As tarifas foram, literalmente, às alturas.
Para nós, do interior de São Paulo, houve um aumento de oferta, com os mais de 400 voos que serão incrementados após o governo do estado baixar o ICMS cobrado sobre o querosene de aviação. Mesmo assim, com um competidor a menos, a tendência é que as demais companhias aproveitem o momento para ampliar os seus ganhos. O fato é que isso influencia diretamente no mercado de viagens.
Embora exista um restrito público que não deixa de viajar, a grande maioria dos consumidores de viagens é muito sensível aos preços e eles, em muitos casos, passaram a ser impraticáveis. Pesquisas mostram que os preços das passagens nas rotas em que a Avianca deixou de operar ficaram até 120% mais caros. Quem sofre são os consumidores.
A temporada do meio do ano, com as férias escolares que acabam de se encerrar, sofreu. Foi justamente às vésperas dela que a Avianca deu início à sua derrocada, com cancelamentos e, posteriormente paralisação total. É importante dizer que com menos gente viajando, a economia de cidades inteiras sofre, uma vez que a indústria de viagens impacta mais de 50 atividades, entre elas hotéis, transfers, restaurantes e, nós agentes de viagens.
Com a redistribuição temporária dos slots da Avianca em Congonhas, Azul, Map e Passaredo passam a ter uma maior presença no aeroporto mais cobiçado do País. A tendência é de que com novos serviços e uma maior oferta os preços voltam a um patamar mais próximo da realidade. Quanto mais competição, melhor para o consumidor. Por isso, a chegada de novas companhias é tão importante para o Turismo.
É obvio que não se cogita uma interferência estatal para controlar os preços. Em uma economia de mercado como a nossa, isso causa efeitos desastrosos. Cabe, porém, às próprias companhias aéreas um maior bom senso. Quando elas pediram o fim da regulamentação das bagagens, foram atendidas. Uma demanda histórica, que é a alíquota do ICMS sobre o querosene de aviação, está sendo contemplada por grande parte dos governos estaduais.
Agora, é a sociedade que pede tarifas mais justas ou pelo menos alinhadas ao que se pratica mundo a fora. As empresas aéreas seguirão ignorando e negando as necessidades do mercado e dos seus clientes?
(*) – É agente de viagens e presidente da Aviesp.