Alexandre Pierro (*)
No próximo dia 30, a norma ISO 50.501, referente a inovação, será publicada oficialmente na Europa.
Curiosamente, no próximo dia 19, se comemora, no Brasil, o Dia Nacional da Inovação. Certamente, esse é um dos temas da atualidade e qualquer empresa que busque se destacar precisa estar alinhada a esse novo mindset. De acordo com dados do Senai/Ciesp SP, mais de 50% das indústrias nos EUA e Europa estão buscando processos de inovação e da chamada Indústria 4.0, que abrange o uso de tecnologias como robôs, inteligências artificiais, Big Data, entre outras.
Na Índia e China, esses números chegam a 25%. No Brasil, apenas 2% das empresas se enquadram nessa categoria. Mais uma vez, nosso país está ficando para trás em algo que já não é tendência, é realidade. Se não ocorrer uma rápida adaptação, a indústria brasileira será engolida.
Muito se tem falado sobre inovação por aqui, mas poucas medidas estão sendo tomadas. Várias empresas se julgam inovadoras apenas por adotarem alguma tecnologia de forma isolada. Outras, ainda pior, sem realizar nenhum movimento nesse sentido, se dizem antenadas com um futuro que elas simplesmente desconhecem. Isso nos leva a uma reflexão: o que é, de fato, inovação? Se te perguntassem, por exemplo, se o Facebook ou a Apple são empresas inovadores, sua resposta seria sim? Então, você ainda não compreendeu bem o que é inovar.
A Apple já foi uma empresa inovadora, porém não nasceu assim. Ela seguia uma tendência que já existia e apenas pensava em melhorar tecnologias. Quando Steve Jobs voltou a assumir a presidência, ele trouxe o DNA inovador, que aí sim se tornou a imagem da empresa desde então. Porém, nos últimos anos, a Apple só tem investido em melhoria de tecnologia, upgrades que, sozinhos, são excelentes, mas não representam inovação.
O mesmo ocorre com o Facebook. A empresa começou com uma ideia boa, mas que, mesmo na época, já era comum. Eles tiveram alguns momentos inovadores, mas depois parecem ter deixado de mirar grandes alvos no quesito inovação. O Google, por outro lado, investe na mudança do comportamento do usuário. O investimento da empresa em aplicativos e novas empresas está impulsionando a economia compartilhada e elevando o compartilhamento ao status de mindset global. Isso é inovar, a partir da transformação do comportamento das pessoas.
A tecnologia em si, não é inovação. É justamente por isso que a norma ISO 50.501 ganha tanto destaque nesse cenário. Há mais de 10 anos, a ISO, que é uma organização internacional com sede na Suíça, vem estudando o tema. O comitê destinado ao assunto levantou as melhores práticas de inovação dos seus 163 países filiados, e chegou à conclusão de alguns princípios básicos que levam uma empresa à inovação.
Entre eles estão a capacidade de fazer a gestão de insights, a liderança visionária, a gestão de riscos, a análise da cultura e, talvez o mais importante, o propósito massivo transformador, que é o que justifica a razão de uma empresa existir. O melhor disso tudo é que a norma possibilita a criação de uma cultura de inovação de forma estruturada, implementando aquilo que já foi testado e aprovado.
Dessa forma, as empresas ganham tempo e reduzem desperdícios com medidas pouco efetivas ou de difícil aplicação. É como receber um manual para implementação de uma nova cultura, um novo mindset. Ela pode ser aplicada em empresas de qualquer porte e segmento, proporcionando melhorias de processos e reconhecimento por parte de todos os públicos envolvidos.
Para coroar o processo, a empresa certificada recebe a chancela de um órgão ligado a ISO, que atesta a empresa como sendo inovadora e preparada para os desafios que o futuro nos impõe. Ou seja, para quem já entendeu que a inovação é um caminho sem volta, a implementação da ISO 50.501 pode ser a melhor alternativa.
Além de simplificar a gestão da inovação, a norma é um compilado daquilo que já deu certo em 163 países, inclusive o Brasil. Buscar conhecimento sobre o tema é a melhor forma de celebrar o Dia Nacional da Inovação.
(*) – É engenheiro mecânico, bacharel em física aplicada pela USP e fundador da PALAS, consultoria em gestão da qualidade.