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Contribuir para o bem geral

em Opinião
terça-feira, 21 de agosto de 2018

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)

É por meio do dedicado estudo feito pelos seres humanos sobre o funcionamento de suas leis lógicas e coerentes para construir de forma benéfica que a natureza revela seus segredos.

Mas os homens querem dominar em vez de se adaptar e, com sua cobiça de poder, se opõem a tudo, deixando de contribuir para o bem geral, acabando por construir armas e bombas destrutivas e colocando o mundo em desarranjo. Mesmo em tempo difícil, sindicatos fogem da conciliação. Como ocupar tanta mão de obra ociosa de forma nobre e benéfica? São complicações resultantes do desarranjo comercial cambial global e da avidez internacional por dólares.

A flexibilização, diante dos interesses próprios, tem sido a norma dos governantes do Brasil que perderam o rumo para se manterem no poder e, para isso, descuidaram do interesse geral. Passamos a depender das commodities, ampliando o volume de itens importados. Precisamos de mais produção e trabalho. É verdade que a população mundial cresce continuamente. Aumentam as bocas que precisam de alimentos para seu desenvolvimento e conservação. Isso é um trunfo para o Brasil, mas requer seriedade na produção e vigilância nos acordos comerciais.

Se a alimentação não for adequada, a espécie humana perderá potencial. Perdem-se nutrientes pela invasão da química e biotecnologia. Os transgênicos ainda são uma incógnita. Há ainda outro fator que complica: o estresse da vida moderna urbana que provoca ansiedade e inquietação, afetando em primeira linha o funcionamento natural da digestão que se vê atropelada pelo emocional.

O Brasil descuidou da balança comercial, mesmo sabendo que isso gerava déficits. Os EUA também têm déficit comercial e volumosa dívida, mas mesmo com tudo expresso em dólares, agora se percebe o tamanho colossal da dívida e por isso jogam pesado para não perder o poder dessa moeda. Mais do que preocupação com a balança comercial, a China tem um programa de acumular dólares para ter segurança financeira.

Que lições os governantes poderiam receber na comparação da política cambial adotada no Brasil desde o Plano Real e as do Chile, Índia, Japão e China? A volatilidade do câmbio, decorrente de vários fatores especulativos de mercado ou de governos visando exportar mais e importar menos, revela que países fracos estão permanentemente no labirinto cambial e caindo na armadilha do déficit nas contas externas. Algo que se tivesse sido equacionado no passado com seriedade, hoje o mundo estaria em condições menos pressionadas, com menos miséria.

As crises trazem suas oportunidades, mas será que serão aproveitadas para corrigir a situação de caos espiritual e mental que o mundo vive, geradora dos desequilíbrios econômicos, ambientais e sociais? O Brasil se tornou um país violento, com péssimo nível educacional e de qualidade de vida. Os jovens são dotados de inteligência e surfam nas inovações, mas para evoluir precisam ouvir o eu interior, que é espiritual e não mecânico.

O ciclo de produção industrial foi profundamente modificado a partir do final do século 20, evidenciando o desarranjo geral. Em muitos países, a atividade de produção industrial foi posta de lado e não há o que fazer com os entulhos recicláveis se a China abrir mão deles. É mais um aspecto não examinado atentamente na globalização, pois são muitos os desequilíbrios gerados.

As montanhas de plástico pelo mundo atestam a forma artificial de viver, afastada das leis que regem o universo. O risco é que solos, mares e fauna marinha arquem com as consequências. Mas no final, as perdas recairão sobre toda a humanidade que habita o planeta Terra.

As relações econômicas se têm caracterizado pelo ganha-perde. Raramente instalou-se o ganha-ganha de ambos os lados envolvidos nas transações entre os povos. Europa, EUA e China têm de buscar o bem geral. A flutuação cíclica do poder gera inquietações no mundo.

No que isso vai resultar se faltar vontade sincera de resolver os problemas que afligem a humanidade, e que foram criados por ela mesma?

(*) – Graduado pela FEA/USP, é autor dos livros: Nola – o manuscrito que abalou o mundo; 2012…e depois?; Desenvolvimento Humano; O Homem Sábio e os Jovens; O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida, entre outros. ([email protected]); Twitter: @bidutra7