Presidente do BC, Ilan Goldfajn, em seminário no Rio. |
O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, avaliou ontem (2) que é viável a aprovação de proposta que prevê autonomia do BC ainda neste semestre. Goldfajn fez uma palestra na Fundação Getulio Vargas
e afirmou que considera viável a aprovação antes da “turbulência do período eleitoral”, ainda no primeiro semestre. “O BC é o único [órgão] que regula um setor e não tem um mandato fixo que outras agências têm. Entre os outros 60 maiores bancos do mundo, somos o único diferente. Chegou o momento de a gente mudar isso”, acrescentou.
A reforma é defendida pelo governo e propõe um mandato fixo para o presidente e diretores do Banco Central, que seria não coincidente com o do presidente da República. “Outras reformas, principalmente as reformas fiscais, mexem com interesse e com o bolso das pessoas. E a autonomia do BC é uma reforma que, se tiver clareza, reduz o prêmio de risco sem gastar um centavo”, completou.
O presidente do BC defendeu que o Brasil terá pela frente o desafio de manter a inflação e os juros em patamares historicamente baixos e que a economia passará por transformações se essas taxas permanecerem baixas. “Queremos que o que ocorreu na queda da inflação fique conosco para sempre. O trabalho difícil começa agora: manter essa conquista da queda da inflação e juros”, afirmou. “Se a gente conseguir fazer isso, vai acontecer uma mudança muito grande no sistema financeiro. O sistema financeiro e a economia brasileira nunca conviveram com juros baixos”.
A previsão do BC é que a inflação fique em 3,8% ao ano em dezembro de 2018 e suba para 4,1% em dezembro de 2019. A Selic está em 6,5% ao ano, e Goldfajn reafirmou a tendência de redução na próxima reunião do Copom, caso as condições da economia permaneçam como estão. A taxa impacta o crédito e é utilizada como instrumento para controlar a inflação, aproximando-a do centro da meta do governo para este ano, que é de 4,5%, com limite de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo (ABr).