Por Lucia Camargo Nunes*
Mercado vende mais em meio a desafios
A palavra “desafio” foi uma das mais citadas durante o anúncio de resultados do mercado automotivo de maio pelo presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite.
Ainda enfrentando escassez de componentes, a produção é uma das mais afetadas. A crise de abastecimento até agora neste ano já levou a 16 paradas de fábricas, com 331 dias inativos (média de 20 dias por fábrica).
Enquanto em 2021, a entidade estimou a perda de 350 mil veículos, só até maio de 2022 esse volume chega a 150 mil unidades. E a culpa não recai apenas sobre os semicondutores. De acordo com Leite, embora exista uma tendência de melhora, há instabilidades no fornecimento de borracha, resinas, cabos, tintas, solventes e pneus, entre outros.
Produção e venda crescem
A produção de autoveículos (automóveis e comerciais leves) cresceu 11% em maio sobre o mês anterior e 7% sobre maio de 2021. “Aos poucos, a situação tem se tornado menos crítica”, avalia o executivo.
Nas vendas, alta de 27% sobre abril e no mesmo patamar de 2021, com 187,1 mil (22) x 188,7 mil (21). No acumulado, ainda está um pouco atrás: até maio de 2021, as vendas somavam 892 mil enquanto este ano chegaram a 740 mil.
“Chama a atenção a consistência do crescimento de mercado, um degrau a cada mês desde o início do ano, para vendas e produção. Exportações já largaram o ano em alta, e se mantêm assim. Como a tendência histórica do nosso setor é de um segundo semestre mais robusto que o primeiro, estamos muito otimistas quanto à manutenção desse bom ritmo de recuperação”, afirmou o presidente da Anfavea.
Marcio Leite ainda observou, entre tantos desafios, que é difícil medir se há queda na demanda, ainda que os estoques continuem baixos. “Sentimos uma mudança na demanda. E vamos ver como a alta dos juros se reflete nos próximos meses.”
Importados também aceleram
A Abeifa, entidade que representa importadores de veículos, registrou um crescimento de 8,7% em maio, com o emplacamento de 1.630 unidades vendidas sobre abril.
No acumulado do ano, a Volvo lidera com 2.207 unidades licenciadas, embora o seu best seller, o XC60, não seja o mais vendido. Foram 917 unidades do SUV sueco, que perde em volume para o Bongo (935 vendidos), da Kia, importadora vice-líder com 1.902 vendas. A Porsche foi a terceira com mais emplacamentos (1.246 unidades), liderada pelo Macan (470 vendidos de janeiro a maio).
Novos BMW iX3 e X1
A BMW começou junho com duas novidades importantes. A primeira, já em pré-venda, é o elétrico iX3. Com preço sugerido de R$ 475.950 na versão M Sport, o novo SUV virá importado da China, já que é produzido pela joint venture entre BMW e Brilliance Automotive.
Montado no eixo traseiro, o motor elétrico gera 286 cv de potência. As baterias de 80 kWh de capacidade prometem levá-lo a 461 km de autonomia (medição WLTP). As primeiras unidades devem chegar até o fim deste mês.
A BMW também antecipou mais detalhes da terceira geração do X1, SUV que recebeu novas tecnologias, além da reestilização, que o deixou maior e mais largo, conferindo-lhe mais robustez e esportividade. Pela primeira vez, terá opção de rodas de 20”.
Por dentro, assim como o Novo Série 3, o X1 passa a ser equipado com as duas telas de 12,3” e 14,9”.
Sem preços ou chegada ao Brasil definidos, a marca alemã divulgou que o SUV terá versões a combustão, híbrida e elétrica.
Picape retrô ganha motorzão elétrico
Ficou bonita a releitura que a Ford Performance Parts dos EUA fez da clássica picape F-100, de 1978. O protótipo F-100 Eluminator ganhou dois motores elétricos que o faz render 486 cv.
A picape retrô ainda vem equipada com rodas de alumínio de 19”, pneus de alta performance 275/45R19 e pintura exclusiva na cor cinza com detalhes cobreados. O interior combina peças de época, como vidros manuais e elementos modernos do Mach-E, incluindo a telona multimídia. O capô, no lugar do motor, traz um espaçoso porta-malas.
No final do ano passado, a Ford lançou esse primeiro motor elétrico de “prateleira”, de 285 cv, e teve o primeiro lote esgotado rapidamente. Com fila de espera, pode ser usado na eletrificação de carros antigos, picapes, SUVs por US$ 3.900.
*Lucia Camargo Nunes é economista e jornalista especializada no setor automotivo. E-mail: [email protected]