Segundo o professor Phil Edwards, da London School of Hygiene & Tropical Medicine, veículos elétricos têm maior probabilidade de atropelar pedestres do que veículos a gasolina ou diesel, particularmente em áreas urbanas.
Vivaldo José Breternitz (*)
Pesquisas conduzidas pelo professor Edwards mostraram que os elétricos têm duas vezes mais probabilidades de atropelar pedestres do que carros movidos a combustíveis fósseis; nas áreas urbanas, essa probabilidade chega ser três vezes maior.
Não há certeza acerca das causas, mas os pesquisadores suspeitam que vários fatores levem a essa situação: os motoristas de carros elétricos tendem a ser mais jovens e menos experientes e esses veículos são muito mais silenciosos do que os carros convencionais, tornando-os mais difíceis de serem percebidos, especialmente em áreas urbanas – os pedestres andam pelas ruas usando o ruído produzido pelo trânsito para detectar a presença, velocidade e localização dos veículos.
O problema é mais grave para pessoas com baixa acuidade visual e para crianças que têm dificuldade para avaliar a velocidade e a distância dos veículos.
Acidentes de trânsito são a principal causa de morte entre crianças e jovens adultos no Reino Unido, com pedestres representando um quarto de todas as mortes. Em 2017, um relatório do Departamento de Transporte dos Estados Unidos já havia constatado que os elétricos representavam um risco 20% maior para pedestres do que os carros convencionais e que esse risco chegava a 50% durante manobras em baixa velocidade, como conversão, marcha a ré, entrada em vias mais movimentadas e manobras para estacionamento.
Visando prevenir acidentes, desde julho de 2019 todos os novos veículos híbridos e elétricos vendidos na Europa tem um sistema de alerta acústico que emite som quando o carro está se movendo lentamente, mas existem centenas de milhares de elétricos mais antigos que não dispõem desse sistema.
Mas a dificuldade em ver e ouvir carros elétricos não é o único problema. Esses veículos tendem a ter aceleração rápida e geralmente são muito mais pesados, alguns pesando o dobro de seu equivalente a gasolina, tornando as distâncias de frenagem maiores.
Esse é mais um aspecto a ser considerado no momento em que se fala tanto na adoção de veículos elétricos.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].