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Uma utilidade a mais para os cabos submarinos

em Tecnologia
quinta-feira, 04 de março de 2021

Os cabos submarinos de fibra óptica são a espinha dorsal da Internet, a ponto de empresas como o Google estarem lançando seus próprios cabos

Vivaldo José Breternitz (*)

Um desses cabos, batizado como Curie em homenagem à famosa cientista francesa Marie Curie, começou a operar em 2019 e, com aproximadamente dez mil quilômetros de extensão, liga Los Angeles à cidade chilena de Valparaíso, correndo a uma profundidade entre 4 a 6 quilômetros. De Valparaíso, há conexão com outras áreas da América Latina.

Três dos cabos do Google estão no Brasil; um deles é o Monet, com 10.556 quilômetros de extensão, que conecta Boca Ratón, na Flórida, a Fortaleza e Santos.

Esses cabos, ao que se sabe, são de uso exclusivo do Google e utilizados para transporte de seus dados; no entanto, a revista Science publicou o resultado de estudos desenvolvidos por pesquisadores do Google e do California Institute of Technology (Caltech) no sentido de utilizar o Curie também como um sensor para detectar abalos sísmicos e tsunamis.

Os cabos são sensíveis às mudanças de temperatura e pressão das águas do mar; essas mudanças provocam alterações no fluxo de luz que trafega por eles; essas alterações podem ser indicativos da possível ocorrência dos abalos e tsunamis.

Os autores do estudo, monitorando os sinais que trafegaram pelo Curie durante nove meses, capturaram sinais oriundos de cerca de trinta tsunamis e vinte terremotos de diversos portes, dentre os quais o que atingiu o México em junho de 2020.

É muito bom quando se encontram funcionalidades adicionais para estruturas de grande porte já implementadas: dada a enorme extensão de cabos desse tipo que cruzam os mares, é de se esperar que o trabalho desses pesquisadores permita criar uma ferramenta que possa ajudar a prevenir tragédias ao redor do mundo, ao gerar alertas antecipados de terremotos e tsunamis.

(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.