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Um substituto para o filme plástico

em Tecnologia
quarta-feira, 09 de outubro de 2024

Pesquisadores da Universidade Tecnológica de Nanyang (NTU), de Singapura, desenvolveram um filme plástico biodegradável para embalagem de alimentos que oferece proteção contra a contaminação e detecta a deterioração dos mesmos.

Vivaldo José Breternitz (*)

Esse filme pode substituir os filmes de PVC, aqui genericamente conhecidos como “magipack”, que chegaram ao mercado em meados do século passado e que desde então se tornaram muito populares por seu preço baixo e praticidade. No entanto, é um produto derivado do petróleo, e apesar de poder ser reciclado, quase nunca o é, contribuindo para a disseminação de microplásticos, agentes extremamente danosos à saúde e ao meio ambiente.

Esse novo filme é produzido a partir das cascas e caroços do abacate, componentes que possuem muita catequina e ácido clorogênico, conhecidos por suas propriedades antioxidantes e antibacterianas. Esses elementos ajudam a prevenir a oxidação e inibem o desenvolvimento de bactérias nocivas nos alimentos armazenados. Também é utilizado amido extraído das sementes de outras frutas, como o durião e a jaca.

O novo filme também serve como um indicador visual da deterioração dos alimentos. Um composto encontrado no abacate, a perseorangina, muda de cor em resposta às mudanças nos níveis de pH dos alimentos embalados. Quando as bactérias decompõem os aminoácidos dos alimentos ricos em proteínas, produzem compostos de nitrogênio, que aumentam o pH dentro da embalagem. Essa mudança faz com que o novo filme mude de cor, de amarelo translúcido para marrom escuro, indicando que o alimento se deteriorou.

Em testes, a embalagem conseguiu detectar o início do processo de deterioração de camarões até dois dias antes de o alimento mostrar sinais visíveis de decomposição. Esse sistema de alerta precoce poderia reduzir significativamente o desperdício de alimentos e prevenir doenças transmitidas por comida deteriorada.

O professor William Chen, diretor do programa de ciência e tecnologia de alimentos da NTU, enfatizou o impacto potencial dessa inovação, dizendo que “ao aproveitar o poder da natureza, criamos uma embalagem que pode reduzir significativamente o desperdício de alimentos”, afirmou, concluindo que “esse é um passo significativo em direção a um sistema alimentar mais sustentável e ambientalmente correto”.

Esperemos que o produto chegue logo ao mercado.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].