Peiter Zatko, conhecido como “Mudge”, antigo chefe de segurança do Twitter disse a um comitê do Senado que a empresa adota padrões de segurança obsoletos, levantando preocupações acerca da capacidade da plataforma proteger os dados das 238 milhões de pessoas que a utilizam diariamente.
Vivaldo José Breternitz (*)
Em julho passado Zatko denunciou o Twitter a órgãos do governo americano, alegando que seu ex-empregador priorizou o crescimento do número de usuários em detrimento da privacidade e segurança dos mesmos, o que ele teria descoberto enquanto trabalhava na empresa.
O Twitter reagiu dizendo que as denúncias são inconsistentes, imprecisas e carecem de importância, mas elas alvoroçaram os legisladores americanos, que estão tentando manter sob controle o poder das grandes plataformas tecnológicas.
Também ocorrem em meio a uma disputa legal na qual o Twitter tenta obrigar Elon Musk a honrar sua oferta de compra da empresa por US$ 44 bilhões. Zatko alega que o Twitter mentiu para Musk sobre o número de contas fakes na sua plataforma; os advogados de Musk estão usando a denúncia em favor de seu cliente.
O Twitter demitiu Zatko em janeiro, mas seus advogados dizem que ele não fez a denúncia para beneficiar Musk ou prejudicar o Twitter. Em uma audiência, que durou mais de duas horas, os senadores interrogaram Musk acerca de possíveis ameaças à segurança nacional, tendo Zatko respondido que o Twitter tinha ao menos um agente do governo chinês como empregado, fato que era do conhecimento de outros executivos da empresa.
Tudo isso tem aumentado as pressões contra a empresa e talvez leve a justiça a decidir que Elon Musk não precisará honrar sua promessa de comprar o Twitter, o que pode causar sérios problemas econômico-financeiros à empresa.
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.