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Terras raras: mais uma batalha na guerra comercial China versus Estados Unidos

em Tecnologia
quarta-feira, 03 de julho de 2024

A partir de 1º de outubro entrarão em vigor na China normas que, em termos práticos, darão ao governo do país controle total sobre as terras raras, relata a agência de notícias Nikkei.

Vivaldo José Breternitz (*)

Terras raras é o nome genérico que se dá a um conjunto de minerais fundamentais na indústria de eletrônicos. O controle sobre elas é importante para a China no âmbito de sua guerra comercial contra os Estados Unidos, pois o país é o dono das maiores reservas dessas matérias primas.

A ação da China pode ser vista como uma resposta às medidas americanas que dificultam o acesso chinês a chips e equipamentos necessários à sua fabricação; o controle sobre a exportação de terras raras pode ser uma arma nas negociações envolvendo o país, os Estados Unidos, a Europa e o Japão, principalmente.

As novas normas cobrem toda a cadeia de produção das terras raras, desde a mineração e fundição até o processamento, distribuição e exportação. Talvez para fins de melhoria de imagem, as normas falam em desenvolvimento sustentável como princípio orientador para o gerenciamento desses recursos.

Em 2023, a China produziu cerca de 70% das terras raras do mundo; no caso de um desses minerais, o gálio, a China produz aproximadamente 94% do suprimento mundial, sendo provável que suas restrições prejudiquem várias indústrias.

Essas medidas afetam o preço desses metais no mercado internacional, o que deve incentivar empresas de outros países a começar extraí-los e processa-los. No longo prazo, isso pode acabar diminuindo o domínio da China sobre esse mercado, o que pode gerar uma oportunidade para o Brasil, que tem a terceira maior reserva de terras raras, atrás apenas da China e do Vietnã.

De qualquer forma, é bom lembrar que sua extração e processamento requerem muitos cuidados em relação ao meio ambiente, pois podem gerar grandes impactos ambientais, especialmente em termos de contaminação do solo e da água.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.