Conectividade e intermodalidade vão determinar o futuro da indústriaAtravessamos um momento de grandes transformações que nos impele na direção de descobrir soluções inovadoras para novos tempos. Apesar da insegurança política, social e econômica que assola o mundo, é possível identificar tendências no setor da mobilidade, que, globalmente, se move ao sabor das novas demandas do planeta Philipp Schiemer (*) Dito assim isso mais parece exercício para um futuro distante, mas esse futuro na verdade já chegou. Por essa razão o 25º Congresso e Mostra Internacionais SAE BRASIL de Tecnologia da Mobilidade decidiu pelo tema “A Engenharia Criando a Mobilidade do Futuro – Intermodalidade – Conectividade – Veículos e Sistemas Inteligentes”, que reflete a preocupação da indústria e da engenharia e relação aos próximos passos de uma revolução que está apenas começando. No Brasil nossa preocupação é diretamente proporcional às necessidades geradas pelos gargalos da mobilidade ante a precariedade da infraestrutura de transporte, em especial nas grandes metrópoles. É nesse contexto que a conectividade e a intermodalidade assumem lugar de relevância no País, como em todo o mundo. Não é por acaso que o assunto tem pautado a lista de prioridades dos mais importantes mercados. A conectividade e a intermodalidade vão determinar o futuro do transporte, da logística e da nossa indústria. Este é o momento para o debate, pois a tecnologia avança e se faz presente nos automóveis e caminhões com sofisticados sistemas de conectividade, e as oportunidades para o surgimento de novas tecnologias são infinitas. Se o Brasil está atrasado na conectividade? Eu diria que não, a tecnologia está aqui como no mundo inteiro, o que falta é organizar melhor a infraestrutura para que os sistemas possam ser aplicados mais rapidamente aqui no País. Na Europa os veículos conversam com as sinalizações da rua, o que só é possível porque além da tecnologia há uma padronização para os semáforos, avisos e faixas etc…, que ainda não existe no Brasil. A conectividade e seus sistemas sempre dependem de um trabalho multidisciplinar entre montadoras, fornecedores e órgãos reguladores. Esse trabalho já começou e agora é preciso ritmo, fazer as coisas caminharem. Um novo universo tecnológico de serviços começa agora, como a telemetria e o truck pad já bastante populares, ferramentas que facilitam a gestão da frota e o controle do caminhoneiro sobre a localização do frete. Esses e outros recursos menos conhecidos comprovam que a crise brasileira não afetou o ritmo da engenharia local no acompanhamento da tecnologia. Ainda que o apetite e o entusiasmo das empresas tenham arrefecido com o mercado interno, toda a indústria sabe que se não investir agora, quando o mercado voltar a crescer, estará em segundo lugar. Todos estão investindo. Não menos importante no cenário da mobilidade do futuro, a intermodalidade cresce na lista de prioridades nas novas necessidades brasileiras e mundiais. Nesse particular a agricultura tem avançado fortemente, apostando na ferrovia. Em outros setores essa tendência é ainda incipiente na prática, mas é tratada com a máxima importância. O Brasil é ainda um país rodoviário e isso vai mudar devagarzinho, por que requer vultosos investimentos. Sou otimista. O potencial do Brasil em termos de infraestrutura e logística é muito grande. Hoje o País ainda perde muito dinheiro por causa das deficiências no sistema. Mas a recuperação da economia virá em breve e o investimento vai voltar, porque o retorno é garantido. É impossível isso não ocorrer. A exportação é uma saída para o Brasil, mas não é a única solução e não se faz de uma hora para outra. O País precisa trabalhar para melhorar estruturalmente. Uma boa parte da vantagem do câmbio com a desvalorização do Real é perdida por causa do custo logístico do Brasil. Exportar um caminhão daqui para a África é 10 vezes mais caro do que exportar a partir da Alemanha. A diferença é brutal. Toda crise é uma oportunidade para pensar e agir, concentrar foco nas coisas que precisam melhorar e isso é sempre bom. Acho que esta crise vai dar um salto de produtividade para o Brasil e as empresas. (*) É presidente da Mercedes-Benz e do 25º Congresso e Mostra Internacionais SAE BRASIL de Tecnologia da Mobilidade. | Inovação: já parou para pensar de onde ela vem?Inspiração. Uma única palavra que representa um esforço homérico para se atingir o que hoje chamamos de criatividade. O combustível para a tão enaltecida inovação, a deusa e o demônio de nossos dias. As palavras inovação ou disruptivo parecem ser o mote do momento. O mundo parece estar o tempo todo correndo, como um cachorro corre atrás do rabo, atrás de inspiração para inovar. Ser criativo virou graduação curricular. Como profissional da comunicação, estou o tempo todo cortejando as musas em busca de inspiração. Na Grécia Antiga se podia orar para essas entidades, parte deusas, parte titanides, que traziam ao coração toda a criatividade necessária para se atingir um objetivo. Bom, hoje as musas se tornaram esquecidas, e preces a elas são apenas superstições de religiões pagãs há muito engolidas por novas crenças. Crenças essas que não são mais tão religiosas. Os novos deuses são o dinheiro, a internet, a “maldita inovação”. Todos tão invisíveis e cheios de significado subjetivo tal qual Zeus foi um dia. Mas como conseguir atingir a inovação? Parece que nosso mundo está afundando em um caminho sem volta, onde quem não inova está fadado ao ostracismo, ou mesmo à extinção. Muitos encontram meios e os ensinam. É possível se instruir. Aprender é uma coisa basicamente sem limites. Seu conhecimento é a única coisa que ninguém pode te tirar, já dizia Alexandre Dumas. É possível propor brainstorms, trocar ideias e estudar mais um pouco. Ler, prestar atenção aos problemas. A inspiração vem do inesperado. Problemas cotidianos podem esconder o próximo Uber, o próximo iFood, o próximo NuBank. Desde tempos imemoriáveis, as melhores ideias são sempre as que buscam simplificar algo ordinário. Ninguém começa uma inovação querendo abraçar o mundo. Talvez o Elon Musk. Mas ele é um pouco diferente. Ele mira alto, mas suas ações primárias se focam no mundo próximo. Foi assim que ele fundou a Tesla. E é assim, com ações ligadas ao cotidiano, que ele está resolvendo problemas que irão concretizar o Space X e realmente mandar pessoas para Marte. Um exemplo simples desse caso é que Musk queria chegar à Marte e, quando terminou de desenvolver seu foguete, descobriu que ele podia ir muito além. Porém, os problemas continuavam em coisas cotidianas, como “como convencer as pessoas a desbravarem o universo, sem a mínima chance de voltarem à Terra?”. Até os gênios tem problemas com as “miudezas” do mundo. Até eles tem que inovar nesse aspecto. A busca por ideias novas guia todos os mercados, e basicamente todas as ações do mundo. Sua empresa precisa crescer? Combater a crise? Se tornar notória? Não é com grandes campanhas megalomaníacas que se conquista isso. O que os comerciais da Coca Cola mostram? Pequenas atitudes e vivencias felizes das pessoas que “por acaso” estão tomando Coca Cola. O que Apple vende? Não são smartphones. É um estilo de vida, é o “ter um telefone branco com a maçãzinha”. É por isso que o storytelling é tão popular hoje em dia. O segredo das coisas está nos detalhes. Para mim, é o mesmo. As melhores pautas jornalísticas são aquelas que falam do cotidiano, dos problemas das pessoas comuns. Claro que a explosão de um reator nuclear ou um tsunami também são notícia, mas esses são pontos fora da curva. O cotidiano, as verdadeiras histórias interessantes estão nos detalhes. Foi unindo detalhes que se construíram grandes reportagens, como o livro Rota 66 do jornalista premiado Caco Barcellos. Bom, mas eu falei tudo isso, sobre inovação, sobre inspiração, sobre detalhes, e aonde eu quero chegar com isso? Simples. Você quer ser um profissional melhor? Um comunicador melhor? Quer inovar? Se foque no pequeno. Resolva problemas simples. Alimente sua mente, se inspire com grandes coisas, mas veja os detalhes dentro delas. São eles que tornam obras grandiosas. Grandes coisas são construídas de pequenas coisas, e é partindo daí que se se encontra inovação. Se inspire com o simples. Você verá que existem tantos problemas só esperando alguém prestar atenção neles. Ao encontrar a solução, achará tolice o fato de não ter inovado antes, seja qual for a sua área de atuação. (Fonte: Welton Ramos é jornalista na InformaMídia Comunicação, e colaborador do Blog da PME). A morte do Inbound MarketingMarcelo Lombardo (*) De 2013 para cá, parece que o novo conceito do Inbound Marketing vem superando o velho conceito do Outbound marketing. Pergunte a qualquer marqueteiro, mesmo porque na hora de dar um conselho, escrever um livro ou um artigo, é muito mais bacana defender as vantagens do Inbound Estamos em um mundo conectado, onde devemos ser encontrados pelo cliente ao invés de procurá-lo. Devemos conquistar e merecer sua atenção ao invés de interrompê-lo com anúncios ou telefonemas. Na era do politicamente correto, é legal dizer que o consumidor moderno deve ser abordado depois de obtermos a sua permissão e não enviando séries de e-mails indesejados. Claramente, o Inbound já ganhou do Outbound. Tudo isso é realmente verdade? Sim, é. Mas tem um probleminha: o que importa mesmo é o resultado. É ótimo estar alinhado com as tendências da moda, mas no fim do dia, tudo se resume à velha conta: quanto eu investi versus quanto eu gerei de vendas, ou na dialética mais moderna: o CAC (Custo de Aquisição de Cliente) compensa? Penso que para uma boa compreensão sempre temos que nos distanciar um pouco e olhar de um patamar mais alto e desapaixonado para as tendências, crises e modinhas. Então vamos rever a história, só que agora com o foco onde interessa: no resultado. Voltando no tempo uns 20 anos, o sonho de qualquer empresa era anunciar na TV, pois assim conseguiria atingir um grande número de consumidores para gerar vendas – só que custava muito caro. Então, recorria-se a anúncios em veículos menores, como revistas, jornais e a compra de listas para fazer “telemarketing” e “mala direta”. Isso custava bem menos e gerava vendas, ou seja, dava resultado. Consequentemente, o que acontece com um método que traz resultado? Isso mesmo, todo mundo quer usar, e então o canal ficou congestionado. Por exemplo, no início do século, um consumidor normal recebia em média duas ligações indesejadas por dia de alguém oferecendo alguma coisa, e o termo “telemarketing” tornou-se altamente antipático. Criou-se até legislação sobre televendas de tanto que encheu o saco. Foi por isso que paramos de usar essa técnica? Por que ela ficou antipática? De forma alguma! O método começou a gerar cada vez menos vendas – mas o custo se mantinha. Portanto, o CAC passou a ser alto e o método foi naturalmente abandonado. No auge disso, surgiu o marketing digital, que parecia ser a grande salvação, pois novamente custava pouco e gerava vendas rapidamente. Começou então o reinado do Outbound digital, onde as estrelas do momento eram a compra de listas de e-mails e o Google AdWords. Sempre foi uma coisa feia fazer SPAM, mas o negócio é o seguinte: funcionava, ponto final. Comprar palavras na busca do Google também era muito mais barato e eficiente do que a velha central de telemarketing. Marketing digital, Outbound era resultado na veia com baixo custo, até que… novamente o planeta inteiro embarcou nessa. O Google ficou bilionário graças à competição gerada pelo leilão de quem quer aparecer mais em cima nos links patrocinados. Os softwares anti-spam se aperfeiçoaram barrando tudo e todos. A quantidade de dinheiro necessária para seu anúncio estar na frente do seu potencial cliente ficou muito alta, mandando o CAC para as alturas – novamente. No segundo tempo desse jogo, vieram as mídias sociais: por cerca de um ano, anunciar no Facebook custava uma fração do que no Google e gerava mais vendas, até que o canal também lotou e finalmente o custo x benefício ficou genericamente semelhante ao Google, dependendo do tipo de oferta. E agora, quem poderia salvar o resultado? Eeeeeu, o Inbound Marketing! O Inbound chegou falando que precisamos ter a permissão, sermos procurados pelo cliente ao invés de interrompê-lo, e que as novas estrelas do resultado agora são SEO, BLOG e SOCIAL (conteúdo relevante para o público desejado). Funciona mesmo? Sim, funciona. Mas já mostra sérios sinais de inchaço. Primeiro, porque o Google foi ficando cada vez mais esperto e ignorando o SEO manipulativo da era das metatags. Vale lembrar que o Google atualmente até esconde as palavras chave no Analytics para quem não paga AdWords. Então, não dá mais para ser organicamente relevante roubando no jogo. Você precisa gastar uma boa grana de Outbound para promover o Inbound, o que na essência não faz o mínimo sentido. Mas espera, ninguém está aqui pelo sentido das coisas e sim pelo resultado, lembra? Então está valendo! “Inbounders”, paguem o Sr. Google e bola pra frente! E finalmente o meu ponto favorito: o conteúdo. Marketing de Conteúdo é parte essencial do Inbound, e de repente estamos em meio a uma imensa avalanche de conteúdo, onde 99% é de péssima qualidade, graças às novíssimas agências de conteúdo. É só ligar e encomendar um e-book “meia calabresa meia mozzarella”, e logo você recebe um texto do tipo “7 dicas para qualquer merda”, copiado e colado de diversos outros textos na internet por estagiários que mal sabem português. Óbvio que em meio a essa montanha de lixo tem gente produzindo bom conteúdo, mas como fazer ele se destacar e se diferenciar dentre os demais? Fica cada vez mais difícil e… mais caro! O canal está novamente se congestionando, o CAC subindo e o resultado definhando. A conclusão não poderia ser mais simples: “Se todo mundo é original da exata mesma forma, na verdade, ninguém é muito original” – DJ George, Mirror Park. Filosofias à parte, todas as tendências foram boas e funcionaram bem até ficarem massificadas, e o custo para aparecer na frente do cliente retornar para os patamares tradicionais. Então, se o Inbound mostra sinais de fadiga e congestionamento, qual a próxima onda a ser surfada para buscar resultado com baixo CAC? Na minha opinião, existe algo que sempre esteve aí em paralelo a todas essas tendências, e que tem sido um dos fatores responsáveis pelo sucesso de empresas como a Microsoft: canais e micro canais de distribuição, on e off line. Eles estão ganhando progressiva relevância para quem quer vender, pois possuem a confiança do seu público, e são sérios candidatos para liderar a próxima grande onda do marketing. Ainda vamos ouvir muito sobre canais e micro canais. Logo isso vai ganhar um nome glamoroso, mas anotem aí: eu falei primeiro aqui! (*) É CEO da Omiexperience. |