Sites de notícias que não tem preocupações com qualidade e ética estão usando inteligência artificial para reescrever conteúdo produzido por grandes organizações noticiosas sem autorização e menção da fonte, o que caracteriza a prática como pirataria.
Vivaldo José Breternitz (*)
As receitas desses sites provêm da venda de publicidade, inclusive para empresas de porte, que sem conhecerem a origem do conteúdo publicado, acabam incentivando esse tipo de prática. Esses sites procuram publicar uma grande quantidade de notícias, procurando obter mais visibilidade no Google e consequentemente atrair mais anunciantes.
A empresa americana NewsGuard, que monitora o ambiente jornalístico, identificou recentemente 37 sites que aparentemente usaram inteligência artificial para reescrever artigos que apareceram originalmente em meios de comunicação de porte, como CNN, New York Times e Reuters, sem mencionar a fonte.
Alguns desses sites parecem ser totalmente automatizados e operam sem qualquer supervisão humana; para agravar a situação, softwares anti-plágio, como o Grammarly, não conseguem identificar boa parte desses casos.
Reagindo ao uso de práticas como essas, o New York Times decidiu que as matérias que publica não podem ser utilizadas para treinar inteligências artificiais, incluindo o ChatGpt; o NYT não descarta uma possível ação judicial contra a OpenAI por violação de direitos de propriedade intelectual, caso isso continue acontecendo.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.