O governo da Rússia planeja gastar o equivalente a cerca de 3,5 bilhões de reais nos próximos cinco anos para aprimorar sua estrutura de censura na internet, um sistema conhecido como Medidas Técnicas para Combater Ameaças (TSPU), relata a revista Forbes Rússia.
Vivaldo José Breternitz (*)
Aparentemente, o principal objetivo é fortalecer as ferramentas que bloqueiam redes virtuais privadas (VPNs) e restringem o acesso a conteúdo considerado ilegal ou indesejado pelo governo de Vladimir Putin.
O sistema TSPU, desenvolvido na Rússia, foi implantado nos termos de uma lei de 2019 que exige que os provedores russos de serviços de internet instalem equipamentos fornecidos pelo governo para garantir a “estabilidade e segurança da internet”. Em 2022, o sistema já tinha mais de seis mil dispositivos instalados em toda a Rússia.
Nos próximos cinco anos há planos para expandir e atualizar o TSPU, com a incorporação de hardware e software mais modernos, tornando o sistema também um mecanismo de defesa mais eficaz contra ataques DDoS (Distributed Denial of Service) que visam impedir o acesso de usuários legítimos a uma rede, servidor ou serviço; hackers ucranianos têm desfechado ataques desse tipo contra sites russos.
Na verdade, o bloqueio de VPNs é o foco principal dessa expansão e atualização, pois as VPNs são comumente usadas pelos cidadãos russos para contornar os bloqueios do governo a redes sociais, sites estrangeiros de notícias e outros – a meta é bloquear 96% das VPNs.
No entanto, a Forbes diz que o bloqueio total das VPNs é praticamente impossível, o que mostra que a batalha entre desenvolvedores de VPNs e censores provavelmente continuará, com cada lado procurando superar as estratégias do outro.
Para nós brasileiros, resta esperar que essas medidas não motivem os aspirantes a ditador que circulam por aqui.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].
