Radiotelescópios (RT) são instrumentos de pesquisa que captam ondas de rádio emitidas por corpos celestes, permitindo aos cientistas conhecerem mais sobre esses corpos.
Vivaldo José Breternitz (*)
Normalmente fazem isso através de uma antena parabólica de grandes dimensões, sendo que a maior delas é a russa RATAN-600, que tem 576 metros de diâmetro.
O RT de Arecibo, que ficava em Porto Rico e tinha 305 metros de diâmetro talvez fosse o mais famoso do mundo; seu design futurista levou-o a servir de cenário para inúmeros filmes, inclusive da série James Bond; no entanto, terremotos e furacões afetaram-no e o RT acabou desabando em 2020, ficando destruido.
No entanto, para buscar informações sobre corpos celestes mais distantes, são necessários RT mais potentes, com antenas de diâmetro maior, que, porém, são mais caras e de manutenção mais difícil, além de serem sujeitas a desastres como o que destruiu o de Arecibo.
Uma forma de contornar esses problemas é usar um conjunto de antenas de pequeno diâmetro espalhadas por uma grande área, captando sinais que depois serão integrados, funcionando como uma antena muito grande; esse conjunto é chamado array de antenas.
Essa é a ideia que está norteando a construção do maior RT do mundo, o Square Kilometer Array, também chamado SKA, que será composto por milhares de antenas, que em conjunto terão uma área de mais de um quilômetro quadrado.
O SKA é um projeto internacional e será dividido entre dois sites principais, um na África do Sul e outro na Austrália; será situado no hemisfério sul para observar melhor a região central da Via Láctea.
Prevê-se que o SKA estará totalmente operacional em 2024, mas já existem instalações precursoras, como o MeerKAT, um conjunto de 64 antenas localizado na África do Sul.
No Brasil, os principais RT estão localizados em Atibaia, com uma antena de 14 metros de diâmetro; também no estado de São Paulo há um em Cachoeira Paulista, além de outros em Euzébio, no Ceará e em Aguiar, na Paraíba.
Analisando-se apenas o tamanho das antenas podemos concluir que nosso país ainda precisa avançar bastante nessa área.
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.