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Quais são os diferenciais do Hyperledger?

em Tecnologia
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Daniel Eron Cavalcante (*)

O Hyperledger, iniciativa conduzida pela Linux Foundation, emerge como uma revolução na tecnologia de registro distribuído (DLT, sigla em inglês) e foi escolhido pelo Banco Central (BC) para o Drex, o real digital. Sua adaptabilidade e seu foco em blockchains privadas são um grande diferencial, pois herda princípios fundamentais como registro distribuído e imutabilidade.

Entre os principais benefícios do Hyperledger, destaco a transparência evidente nas transações. Como exemplo, podemos citar seu uso no rastreamento da origem de alimentos e a disponibilidade de informações no momento da compra no supermercado, aumentando a eficiência operacional e a confiança do consumidor.

O Hyperledger também automatiza os processos e reduz a necessidade de intermediários, além de diminuir custos, especialmente no setor bancário, ao simplificar transações internacionais e auditorias com um registro imutável. Outra oportunidade de uso é no setor de saúde, por sua capacidade de criar redes privadas e permissionadas, essencial para gerenciar registros de pacientes de maneira segura e privada, em conformidade com as regulamentações.

Além disso, atua como catalisador para a inovação e a colaboração entre entidades diferentes, como demonstrado pelo projeto we.trade, uma iniciativa de vários bancos europeus para facilitar transações financeiras internacionais para pequenas e médias empresas. Como último benefício, ressalto a adaptação aos sistemas de ledger distribuído, ideal para setores regulamentados como, por exemplo, empresas que gerenciam recompensas de fidelidade.

Quanto ao diferencial estratégico do Hyperledger, afirmo que reside em sua versatilidade e capacidade de adaptação às diferentes necessidades empresariais. Por ser uma plataforma de blockchain de código aberto destaca-se por permitir a criação de redes privadas e consórcios. Assim, oferece um nível de controle e segurança que não é comumente encontrado em blockchains públicos.

Como exemplo, temos o Hyperledger Indy, que é um framework focado em identidade digital auto-ssoberana e permite que os usuários controlem suas identidades, algo crucial em um mundo onde a privacidade de dados é uma grande preocupação. Mas a pergunta que fica é: por que o BC escolheu o Hyperledger? Acredito que foi um movimento estratégico para alavancar uma tecnologia que oferece segurança, privacidade, flexibilidade, conformidade regulatória, eficiência operacional e um forte suporte comunitário.

Importante ressaltar que essas características são valorizadas por especialistas reconhecidos no mercado e estão alinhadas com as necessidades de uma instituição financeira central. Além disso, o Hyperledger, com sua arquitetura robusta e recursos avançados de criptografia, oferece o nível de segurança necessário para uma instituição como o BC, que precisa aderir a rigorosos padrões regulatórios.

Portanto, as empresas devem considerar o Hyperledger não apenas como uma tecnologia, mas como uma estratégia de negócios. Ele pode ser um diferencial competitivo, especialmente em setores que dependem de registros confiáveis e auditáveis. Por isso, é um diferencial investir na capacitação de suas equipes e buscar parcerias estratégicas para o desenvolvimento de soluções baseadas no Hyperledger, aproveitando ao máximo o seu potencial.

Por fim, a tendência é que evolua para se tornar ainda mais interoperável com outras plataformas e tecnologias, facilitando a integração em ecossistemas tecnológicos diversificados. O seu desenvolvimento contínuo provavelmente se concentrará em melhorar a escalabilidade e o desempenho, tornando-o mais atraente para aplicações em larga escala.

(*) – É especialista em Blockchain na NAVA Technology for Business (https://nava.com.br).