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Perigo: crianças hiper conectadas

em Tecnologia
terça-feira, 27 de dezembro de 2022

A Di.Te. – Associazione Nazionale Dipendenze Tecnologiche, é uma entidade italiana que tem como objetivo sensibilizar as pessoas, prevenir e tratar casos de dependência tecnológica, e acaba de divulgar os resultados de uma pesquisa acerca do que chama de “crianças hiper conectadas”.

Vivaldo José Breternitz (*)

Apesar de ser claro que, das refeições aos momentos de lazer, o smartphone está cada vez mais presente na vida de pais e filhos, e desde muito cedo, alguns fatos trazidos pela pesquisa são alarmantes: um terço das crianças entre 5 e 6 anos já possuem perfis em redes sociais, contrariando a legislação italiana, que proibe isso para menores de 14 anos, 83% delas usam tablets e 59% usam aplicativos de mensagens como WhatsApp.

Também assusta a informação trazida pela pesquisa de que uma em cada duas mães usa seu smartphone enquanto amamenta seu filho, comprometendo a relação especial que se estabelece nesse momento.

A pesquisa, realizada em 2022 pela Di.Te., descobriu também que na faixa etária de 9 a 14 anos, 98% das crianças usam dispositivos durante o dia e 62% antes de dormir, 81% ficam entediadas quando não os estão usando, 57% preferem ficar conectados a sair e 77% ficam com raiva quando são obrigados a desligar seus dispositivos. É bastante provável que esses números sejam semelhantes aos do Brasil

O psicoterapeuta Giuseppe Lavenia, presidente por Di.Te., diz que tudo isso traz impactos negativos nas relações e nas emoções das crianças. Disse também que depois do auge da pandemia, cada vez mais as crianças preferem viver online em vez de experimentar a vida real, podendo essa postura levar à prática do cyberbullying, o ato de procurar assustar, enfurecer ou envergonhar outras crianças, e ao hikikomori, um transtorno mental marcado pelo distanciamento extremo do mundo externo, com as crianças tentando não se relacionar com ninguém, de nenhuma forma. Note-se que a prática do cyberbullying é considerada crime.

Lavenia diz que muitos adultos, talvez por comodismo ou desconhecimento dos riscos, parecem abdicar do seu papel de educadores, o que reforça a necessidade de educação digital precoce, e que médicos, especialmente ginecologistas e pediatras devem conversar com os pais sobre o tema o mais cedo possível.

(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.