Parece ser o fim de uma bolha: os preços e os negócios com NFTs vem caindo de forma consistente.
Vivaldo José Breternitz (*)
NFTs, sigla em inglês para “non-fungible tokens”, que se pode traduzir para o português como “tokens não fungíveis”, são um tipo de investimento em ativos digitais – geralmente, mas não sempre, pseudo obras de artes geradas por computador que são vendidas a investidores que pretendem obter grandes ganhos ao revende-las.
A OpenSea, a maior plataforma de venda desses ativos, fez negócios da ordem de 320 milhões de euros em setembro de 2022, cerca de 10% do valor negociado em setembro de 2021.
Segundo informes do grupo segurador britânico Hiscox, 36% daqueles que possuem ativos desse tipo pretendem vende-los, com outros 6% se dispondo a doa-los para causas beneficentes. Por outro lado, 43% dos compradores dizem que vão manter seus NFTs para seu próprio desfrute, 28% gostariam de exibi-los no metaverso e 19% em um museu ou galeria física.
Atualmente, apenas 12% dos que possuem NFTs dizem que adquirirão outro nos próximos doze meses, o que representa 15% a menos do que no ano anterior. Um dos principais motivos pelos quais os NFTs despertam interesse nesse grupo é pelo alegado potencial de retorno do investimento, conforme dizem 66% dos potenciais compradores, em comparação com os 82% que acreditavam nesse potencial em 2022.
É oportuno lembrar que Bill Gates afirmou que os mercados de NFTs e criptomoedas são 100% baseados na “greater fool theory”, em tradução livre, “teoria do mais tolo” – um conceito muito usado nas bolsas de valores, de acordo com o qual mesmo ativos supervalorizados podem trazer ganhos, desde que seu dono encontre alguém suficientemente tolo para comprá-los, geralmente ingênuos que acreditam que o ativo vai se valorizar ainda mais.
Grande parte do boom dos NFTs foi impulsionado por compradores novatos e, como diz o ditado caipira, “cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça” o que nos leva a crer que é muito provável que os NFTs, ao menos na área de “arte” estejam chegando ao fim.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.