A marinha americana acaba de anunciar que seu maior drone de inteligência, vigilância e reconhecimento, o MQ-4C Triton, passa a operar também a partir da Itália.
Vivaldo José Breternitz (*)
Vários desses drones estão agora estacionados na base naval de Sigonella, na Sicília; isso permite que a US Navy acompanhe o que acontece nos mares Mediterrâneo e Negro e em partes da África e Oriente Médio. Isso é possível em função do alcance do Triton, 8.200 milhas náuticas, cerca de 15 mil quilômetros.
Fora dos Estados Unidos, além de Sigonella o Triton opera apenas a partir da Guam, onde o equipamento tem sido usado para monitorar partes do Oceano Pacífico e da China.
O Triton pode voar por mais de 30 horas em altitudes de até 55.000 pés, cerca de 17 quilômetros; seu principal equipamento é o radar AN/ZPY-3 Multi-Function Active Sensor, um avançado sistema que permite ao Triton inspecionar vastas extensões, cobrindo milhões de quilômetros quadrados.
Usualmente o Triton opera em conjunto com o P-8A Poseidon, um Boeing 737 adaptado para funções de patrulha –o Poseidon se concentra em examinar mais detalhadamente possíveis ameaças identificadas pelo Triton, inclusive acionando navios de superfície para neutralizar essas ameaças. Essa sinergia entre aeronaves tripuladas, não tripuladas e navios foi demonstrada em 2016, quando foram interceptados carregamentos de armas destinados aos rebeldes Houthi no Iêmen.
Os Tritons também podem receber o sistema Multi-Intelligence, que oferece recursos adicionais de inteligência eletrônica e de sinais, interceptando mensagens que são a seguir encaminhadas para análise. Essa capacidade é especialmente valiosa na região do Mar Negro, onde é utilizada desde a invasão da Ucrânia pelos russos em 2022.
O MQ-4C pode também funcionar como um “relay node”, um nó de retransmissão, um intermediário em uma rede de comunicações, recebendo dados de uma fonte e retransmitindo-os para outra.
Muito rapidamente drones sofisticados estão se tornando ferramentas indispensáveis para qualquer força armada, ficando para trás os tempos em que quase todos eram armas improvisadas a partir de equipamentos para uso civil.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].
