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O futuro é cada vez mais energívoro

em Tecnologia
quarta-feira, 02 de outubro de 2024

A mineração de bitcoins consome 145 bilhões de kWh por ano, mais do que a energia consumida pela Holanda. A produção dessa energia gera 81 milhões de toneladas de CO2, mais do que o total das emissões de um país como o Marrocos, por exemplo.

Vivaldo José Breternitz (*)

A mineração de bitcoins consome também cerca de dois trilhões de litros de água por ano, necessários à refrigeração dos computadores utilizados no processo de mineração.

Se o Google decidisse integrar a inteligência artificial generativa a todas as pesquisas que lhe fossem submetidas, o consumo de eletricidade subiria cerca de 29 bilhões de kWh por ano, uma quantidade superior à consumida por países como Quênia, Guatemala e Croácia.

Essas são observações do portal Digiconomist, voltado à discussão dos impactos de novas tecnologias, especialmente do ponto de vista econômico e que foram trazidas pela revista The New Yorker em um artigo intitulado “ The Obscene Energy Demands of A.I.”, levantando uma questão atual: “como o mundo pode alcançar a meta de zero emissões se continua a inventar novas maneiras de consumir energia?”.

Esse é um tema cada vez mais urgente e os dados da Digiconomist complementam outras informações levantadas recentemente, como por exemplo, um documento da University of Washington afirmando que as consultas diárias feitas ao ChatGPT exigem cerca de um GWh, equivalente ao consumo de energia de 33 mil famílias norte-americanas.

Já um estudo da ONU, revela que no biênio 2020-2022, a mineração de bitcoins consumiu aproximadamente 173 TWh e que se essa atividade fosse um país, seria o 27º maior consumidor.

Na atualidade, os maiores consumidores de energia elétrica são a China (6.278 TWh) e os Estados Unidos (3.947 TWh); o Brasil (535 TWh) é o sexto maior.

É evidente o impacto positivo das tecnologias digitais sobre fatores como qualidade de vida e produtividade, mas fica claro que o aumento constante do consumo de energia gerado por elas deve ser objeto de preocupações de estudiosos, governos e da sociedade em geral.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].