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O colapso dos NFTs

em Tecnologia
segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

O início de 2022 registrou níveis recordes de interesse em NFTs (tokens não fungíveis), à medida que os investidores corriam para comprar ativos desse tipo considerados de primeira linha, como CryptoPunks e Bored Ape Yacht Club (BAYC), que aumentaram de valor de forma exponencial – o CryptoPunks oferece imagens toscas de rostos e o BAYC imagens de uma macaco com uma expressão aborrecida.

Vivaldo José Breternitz (*)

Mas o cenário mudou radicalmente: a Bloomberg informou que o volume de negócios com NFTs havia caído 97%, de um pico de US$ 17 bilhões em janeiro para US$ 466 milhões em setembro.

Ainda mais recentemente, pode-se observar que até novembro o declínio continuava, com vendas estimadas em US$ 394 milhões nas cinco principais plataformas que negociam NFTs – um exemplo desse declínio está nos preços de NFTs do BAYC, que estão ao redor de US$ 84 mil, contra US$ 420 mil em maio de 2022.

A extrema volatilidade nos preços de NFTs e criptomoedas em geral não é novidade, mas a queda dos preços deve preocupar até mesmo os investidores mais otimistas.

Grande parte do boom dos NFTs no início do ano foi impulsionado por compradores novatos e, como diz o ditado caipira, “cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça”… Esses novatos, que perderam muito dinheiro com as quedas que vem ocorrendo, provavelmente não vão querer voltar ao mercado de NFTs, mesmo que os valores eventualmente comecem a subir novamente.

É oportuno lembrar que Bill Gates afirmou que os mercados de NFTs e criptomoedas são 100% baseados na “greater fool theory”, em tradução livre, “teoria do mais tolo” – um conceito muito usado nas bolsas de valores, de acordo com o qual mesmo ativos supervalorizados podem trazer ganhos, desde que seu dono encontre alguém suficientemente tolo para comprá-los, geralmente ingênuos que acreditam que o ativo vai se valorizar.

Falando em um evento sobre mudanças climáticas, Gates disse que prefere investir em ativos tangíveis, como fazendas e indústrias, e que não faz investimentos em criptomoedas e NFTs. Gates disse também que suspeita de ativos como esses, idealizados principalmente para evitar impostos ou contornar regras governamentais.

“Obviamente, imagens digitais de macacos, muito caras, vão melhorar imensamente o mundo”, ironizou Gates, referindo-se ao mais conhecido conjunto de NFTs, o BYOC, em que as imagens de macacos são geradas por um algoritmo.

(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.