Open banking é uma tecnologia e forma de lidar com os dados bastante recente no mundo. O processo no Brasil, por exemplo, começou a ser discutido em 2019 e sua implementação acontecerá ao longo de 2021. Mas o que isso quer dizer? A partir deste ano, o usuário que optar pelo open banking poderá levar seu histórico de transações em um banco com o qual tem relacionamento para outro.
Hoje, na prática, quando uma pessoa tem conta em uma instituição financeira, esta vai guardando ao longo dos anos os dados gerados a partir das transações efetuadas: pagamentos em dia ou atrasados, média de movimentação, demanda por serviços etc. Assim, quando a instituição oferece um empréstimo ou investimento ao cliente, ela sabe quando deve oferecê-lo, qual será a quantia e quanto em juros cobrará. Até então essas informações eram fechadas. Se a pessoa decidisse mudar de banco, deixaria para trás todo o relacionamento construído para começar do zero em outro.
No futuro, entretanto, open banking vai resolver essa situação. Com o compartilhamento de dados por meio de API (interface que possibilita a comunicação entre diferentes sistemas e, com isso, o compartilhamento também de dados), a instituição que passará a prestar serviços para aquela pessoa poderá ter acesso ao histórico de transações dela, o que serve de base para a construção do novo relacionamento.
Para que isso seja possível, a previsão é de que neste ano aconteça praticamente toda a implementação do open banking no Brasil. Nesse intervalo dos primeiros 12 meses, o país deverá ter cerca de 5 milhões de usuários registrados para o uso do open banking. O exemplo mais avançado e que pode ser comparado ao brasileiro pela semelhança nos projetos é o da Grã-Bretanha, que chegou a 1,1 milhão de usuários depois de dois anos de sua estreia – a projeção feita pela empresa de pesquisas eMarketer em dezembro de 2020 é de que o território atinja 10 milhões de usuários após cinco anos.
No caso do Brasil, podemos levar em consideração a proporção direta de população bancarizada para nossas projeções. No entanto, fatores adicionais devem fazer parte do cálculo, como um sistema financeiro bastante ativo e desenvolvido; mais atividade digital (social e de serviços) do que a média dos países; a recente bancarização de 10 milhões de pessoas em 2020 pelas necessidades decorrentes da pandemia de covid-19; o atual advento do pix, que vem acostumando os brasileiros a uma forma de pagamento totalmente digital.
Existem, contudo, algumas questões culturais e estratégicas que podem desafiar a implementação do compartilhamento de informações. A primeira delas, a concentração bancária, reforçada por estratégias governamentais desde o período do milagre econômico até 1974. O open banking, por sua vez, faculta a estratificação de funcionalidades para dentro de fintechs, que passam a utilizar os dados e a alimentar as instituições provedoras de contas bancárias.
A segunda questão é justamente a nova arquitetura técnica para transações/processos por meio de APIs diretamente entre computadores; não só por ser uma forma nova, mas também por demandar novas abordagens em relação a segurança e confidencialidade dos dados. O open banking é, por todo o movimento inédito que causará no sistema bancário brasileiro, um divisor de águas no mundo financeiro, e ao longo de 2021 veremos muitas dessas projeções se concretizando em tempo real. Fonte e mais informações: (https://digital.fcamara.com.br/fc-open-banking).