Vivaldo José Breternitz (*)
A IBM anunciou estar concluindo o processo de desenvolvimento de uma nova tecnologia para fabricação de chips, ainda menores que os ora disponíveis no mercado, e que poderão reduzir o consumo de energia em até 75% em relação aos hoje utilizados em servidores IBM, smartphones e outros dispositivos. Esses chips terão uma performance 45% superior aos chips atualmente produzidos pela líder na área, a Taiwan Semiconductor Manufacturing, e deverão chegar ao mercado em 2024 ou 2025.
Chips mais avançados são importantes: diminuir o consumo de energia é crítico para uso de equipamentos móveis alimentados por baterias. Chips com melhor performance tornam os equipamentos mais rápidos e mais poderosos. A IBM apenas desenvolve chips, não os fabrica; sua estratégia envolve o licenciamento dos resultados de suas pesquisas para fabricantes. Essa estratégia vem sendo implementada há muito tempo, tendo a empresa praticamente extinguido suas operações industriais.
Um marco nessa área foi a venda, em 2005, de suas operações com microcomputadores para a Lenovo, que em 2014, comprou também os negócios de servidores baseados em tecnologia Intel. Mas o mercado tem dúvidas acerca de como a situação evoluirá: os três maiores fabricantes de chips, Intel, TSMC e Samsung, estão trabalhando no desenvolvimento de chips que talvez possam ser páreo para o anunciado pela IBM.
A Intel, que vive dificuldades, pretende associar-se à IBM para pesquisas e a Samsung hoje é quem fabrica os servidores IBM e seus chips. Além disso, existem dúvidas acerca do processo de fabricação dos novos chips IBM; é necessário que seja possível produzi-los em grande escala e a custos competitivos, sem o que, por mais avançados que sejam, não serão um sucesso comercial. Será interessante acompanhar a evolução dos acontecimentos, lembrando que há escassez de chips no mercado.
(*) – Doutor em Ciências pela USP, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.