153 views 3 mins

Nobel de medicina vai para descobridores do vírus da Hepatite C

em Tecnologia
quinta-feira, 08 de outubro de 2020

Os virologistas americanos Harvey J. Alter e Charles M. Rice e o britânico Michael Houghton, foram os vencedores do Prêmio Nobel de Medicina de 2020 por terem descoberto o vírus causador da hepatite C.

Vivaldo José Breternitz (*)

Graças à descoberta, testes para o vírus agora estão disponíveis e estão ajudando a eliminar a hepatite C, que é transmitida através de contacto sanguíneo, associado sobretudo à partilha de seringas, uso de material médico mal esterilizado e transfusões de sangue. Também se tornou possível o rápido desenvolvimento de medicamentos antivirais destinados a combater a doença, antes incurável, trazendo a esperança de que seja possível erradicar o vírus.

O vírus da hepatite C causa uma inflamação no fígado que pode se tornar crônica e evoluir para cirrose ou câncer. Aproximadamente 30% das pessoas infectadas eliminam o vírus dentro de seis meses após a infecção, enquanto os outros 70% adoecem gravemente. No entanto, a maioria dos infectados não sabe que está com o vírus, já que 8 em cada 10 pessoas são assintomáticas.

Em alguns casos, o paciente precisa receber um transplante de fígado. Ainda não existe vacina, porém o tratamento oferece chances de cura acima de 95%; os pacientes são medicados com antivirais de ação direta e se submetem ao tratamento por um período de dois a três meses.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2017, mais de 70 milhões de pessoas conviviam com a hepatite C na forma crônica. Só naquele ano, foram registradas mais de 400 mil mortes. No Brasil, estima-se que, em 2016, cerca de 657 mil pessoas estavam com vírus ativo. A OMS estima que, graças às descobertas mais recentes, a doença será erradicada até 2030.

Os resultados das pesquisas dos ganhadores do Nobel estão evitando que milhões de pessoas adoeçam ou morram de hepatite ou por outros problemas hepáticos, especialmente em países mais pobres, onde a incidência dessas doenças é muito significativa.

(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.