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Montadora se declara culpada de fraudes

em Tecnologia
quinta-feira, 02 de junho de 2022

A Stellantis, montadora multinacional que tem Fiat e Jeep entre suas muitas marcas, afirmou que está chegando a um acordo com a justiça americana em ação em que é acusada de fraudar softwares de forma a que seus veículos fossem aprovados em testes de emissão de poluentes.

Vivaldo José Breternitz (*)

A empresa se declarará culpada e pagará cerca de US$ 300 milhões em multas.

No início dos anos 2000, as montadoras de todo o mundo passaram a considerar os motores diesel como a solução para os problemas de emissões de gases que geravam mudanças climáticas. Isso fazia sentido, já que os motores diesel são mais eficientes, e os veículos que os utilizam consomem menos que os movidos a gasolina.

Mas CO2 não é o único poluente emitido pela queima de diesel: ela também gera partículas e óxidos de nitrogênio e enxofre, que são bastante prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.

Em vez de admitir isso, várias montadoras adotaram práticas fraudulentas, alterando o software de modo a que seus veículos passassem nos testes da Agência de Proteção Ambiental americana, mas que na realidade, emitiam volumes de poluentes superiores aos permitidos.

A maior dessas fraudes foi cometida pelo grupo Volkswagen, que teve que pagar mais de US$ 16 bilhões em multas e indenizações, incluindo a criação da rede de recarga de veículos elétricos Electrify America.

Mas a VW não estava sozinha. Em 2017, o Departamento de Justiça dos EUA iniciou ação contra a Stellantis, à época ainda chamada FCA – Fiat Chrysler Automobiles, acusando-a de, em parceria com a Bosch, ter fraudado o software de controle de motores de dezenas de milhares de unidades do Jeep Grand Cherokeee do Ram 1500 de modo a que esses passassem nos testes de emissão de poluentes.
Essa ação foi encerrada com um acordo, pelo qual a então FCA teve que atualizar o software nos veículos afetados e fazer um aporte a um fundo destinado a compensar danos causados ​​pelo excesso de emissões de óxido de nitrogênio, tendo gasto com isso US$ 350 milhões.

A esse valor somam-se os US$ 300 milhões agora anunciados, embora ainda seja possível que funcionários do grupo respondam a ações criminais.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de IoT.