Quando os americanos invadiram o Iraque em 2003, fotos e vídeos feitas por seus soldados mostrando prisioneiros sendo torturados, inclusive por uma militar do sexo feminino, deram a volta ao mundo rapidamente, gerando um volume de propaganda extremamente danoso aos interesses americanos.
Vivaldo José Breternitz (*)
Agora, um fato ocorrido na Ucrânia mostra que as redes sociais não são apenas armas de propaganda, como mostra o ataque sofrido pelo grupo de mercenários Wagner, que atua em defesa dos interesses do governo de Vladimir Putin, tendo lutado na Síria, Mali, Líbia e em outros países da África, frequentemente sendo alvo de acusações de crimes de guerra e violações dos direitos humanos.
Os mercenários participam da guerra na Ucrânia, baseados na cidade de Popasna, onde receberam a visita do jornalista russo Sergei Sreda, que fez diversas fotos de componentes do grupo entre 8 e 11 de agosto. Essas fotos foram postadas pelo jornalista em um grupo do Telegram, a partir do qual passaram a circular pelas redes sociais.
Mas o russo esqueceu-se de borrar o fundo das fotos, o que permitiu à inteligência ucraniana, analisando as imagens de edifícios e vias públicas, identificar com precisão o local onde os mercenários estavam abrigados. O resultado foi o previsto: no dia 14, a artilharia ucraniana destruiu os alojamentos dos paramilitares, matando muitos deles.
Para o bem e para o mal, as redes sociais estão cada vez mais presentes.
(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.