O mercado chinês é um dos maiores consumidores de iPhones, muitos dos quais são fabricados naquele país.
Vivaldo José Breternitz (*)
Talvez pelo fato de a empresa estar tentando reduzir drásticamente o número desses aparelhos fabricados ali e também em função das tensões entre a China e os Estados Unidos envolvendo chips, o governo chinês estaria reprimindo o uso de iPhones por seus funcionários, o que torna ainda mais difícil o ambiente de negócios para a Apple naquele país, um mercado que não pode ser negligenciado.
Funcionários de empresas estatais e outros órgãos governamentais de pelo menos oito províncias chinesas estão sendo instruídos a não levarem seus iPhones ou outros telefones não chineses para o trabalho, segundo a agência Bloomberg.
Medidas como essas começaram a ser tomadas em setembro passado e agora sua aplicação vem sendo expandida para órgãos provinciais de menor porte.
O governo chinês desmentiu que estaria restringindo o uso de celulares estrangeiros, especialmente os fabricados pela Apple, mas questionou a segurança dos iPhones, dizendo que os mesmos poderiam estar capturando informações estratégicas e repassando-as aos americanos.
São mais problemas para a Apple naquele pais, o maior mercado de smartphones do mundo, onde as vendas de seu iPhone 15 tem sido fracas, graças também à concorrência com o Mate 60 Pro da Huawei, que lançado semanas antes do iPhone 15, vendeu quase 1,5 milhão de unidades no primeiro mês, o dobro do número alcançado pelo modelo anterior da empresa.
A Apple, apanhada no meio da luta geopolítica envolvendo Estados Unidos e China, vê sua situação se agravar, não só pela queda das vendas mas por ainda fabricar cerca de 95% dos seus iPhones, Macs e iPads na China, números que, para serem modificados, demandam muito tempo e dinheiro.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.