As Big Techs, as grandes empresas da área de tecnologia da informação, seguem demitindo.
Vivaldo José Breternitz (*)
No início de agosto, a Intel, gigante na área de chips, demitiu mais de 15% de sua força de trabalho, ou cerca de 17.500 pessoas, na tentativa de reverter os prejuízos que vem sofrendo, especialmente os gerados pela sua área industrial.
Agora é a vez da Cisco, a maior fabricante mundial de roteadores e switches, que, ao que parece, vai cortar milhares de empregos. É a segunda rodada de demissões que a empresa promove neste ano, à medida em que procura mudar seu foco para áreas de maior crescimento, incluindo segurança cibernética e inteligência artificial.
O número de pessoas afetadas deve ser similar ou ligeiramente superior aos 4 mil funcionários que a Cisco demitiu em fevereiro, e provavelmente será confirmado nos próximos dias, quando serão anunciados seus resultados do quarto trimestre. Em julho de 2023, antes dos cortes de fevereiro deste ano, a empresa contava com cerca de 85 mil funcionários.
Em 2024, até 8 de agosto, o valor de suas ações caiu aproximadamente 9%. Dentre as causas dessa queda estariam a diminuição da demanda por seus produtos e dificuldades na cadeia de suprimentos em seus negócios de roteadores e switches, o que a levou a adotar estratégias como investir US$ 28 bilhões na aquisição da empresa de segurança cibernética Splunk, concluída em março e que reduzirá sua dependência das vendas de equipamentos, impulsionando seu negócio de assinaturas.
A empresa pretende incluir em seu portfólio produtos e serviços ligados à inteligência artificial, e em maio, reiterou esperar faturar US$ 1 bilhão nessa área no ano de 2025.
Em junho, a Cisco lançou um fundo de US$ 1 bilhão para investir em startups no campo da inteligência artificial, como Cohere, Mistral AI e Scale AI, tendo dito na ocasião que já havia feito 20 aquisições e investimentos focados nessa área nos últimos anos.
São mais pessoas que se unem às 126 mil demitidas por 393 empresas de tecnologia desde o início do ano, de acordo com dados do site de monitoramento Layoffs.fyi. Esses dados se referem apenas aos Estados Unidos, mas aqui no Brasil já se pode perceber reflexos negativos nos níveis de emprego nessa área, não tanto em termos de número de demissões, mas principalmente de salários e benefícios, especialmente para profissionais em início de carreira.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].