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Inteligência artificial na fruticultura

em Tecnologia
segunda-feira, 24 de junho de 2024

O Robotarium é um centro de robótica e inteligência artificial com sede em Edimburgo, na Escócia. Seus pesquisadores, em parceria com cientistas do Chile e da Espanha, desenvolveram um sistema que usa inteligência artificial para contar o número de flores em árvores frutíferas, usando fotos feitas por smartphones.

Vivaldo José Breternitz (*)

O sistema poderá prever o tamanho de uma colheita com meses de antecedência, trazendo mais eficiência à atividade agrícola.

“Em países de todo o mundo, os agricultores muitas vezes dependem de métodos manuais para estimar sua produção, o que pode ter uma margem de erro significativa”, disse o Professor Fernando Auat Cheein, do Robotarium. Erros desse tipo podem levar a um uso maior, e por vezes desnecessário, de água, fertilizantes e defensivos; o sistema ora desenvolvido pode ajudar a otimizar o uso desses insumos.

A agricultura usa cerca de 65% da água doce do mundo e desperdiça quase metade dela; cerca de 50% das frutas e vegetais cultivados para consumo humano também são perdidos.

Os pesquisadores já testaram essa ferramenta em uma lavoura de pêssegos na Espanha; a mesma contou o número de flores com 90% de precisão; a precisão das contagens manuais normalmente está entre 50% e 70%. O sistema reconhece os padrões, formas e cores das flores, mesmo quando elas se sobrepõem ou ficam parcialmente obscurecidas.

Em setembro, os pesquisadores validarão as previsões do sistema em relação à colheita real de pêssegos. Se o sistema se provar eficaz, eles acreditam que ele poderá ser adaptado para outras culturas, como maçãs, peras e cerejas – “os princípios por trás dessa tecnologia podem ser aplicados a uma ampla variedade de culturas frutíferas em todo o mundo”, disse o Professor Cheein.

O sistema chega em um momento de rápidas mudanças para a agricultura, uma das atividades mais antigas da humanidade, mas também uma das menos eficientes, o que tem levado produtores à adoção de tecnologias como inteligência artificial, drones e robôs na tentativa de tornar sua produção mais sustentável e lucrativa.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].