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Inteligência artificial: impactos, consequências e estratégias para combater deep nudes

em Tecnologia
sexta-feira, 01 de dezembro de 2023

Ter uma conta nas redes sociais com fotos abertas ao público é o suficiente para que qualquer pessoa se torne alvo de criminosos. Nos últimos anos, o avanço de nudes falsos, criados a partir de fotos originais, tem gerado insegurança e preocupação. 

Os deep nudes são aplicativos que utilizam a inteligência artificial para modificar fotografias e vídeos, removendo roupas ou até mesmo substituindo pessoas em cenas íntimas. A facilidade e o resultado convincente dessas ferramentas disponíveis na internet criam um cenário assustador. 

As mulheres estão entre as principais vítimas dessa prática antiética e ilícita. É mais um obstáculo presente na era digital, já repleta de desafios como vingança pornográfica, perseguição on-line e aplicativos espiões. As consequências podem ser devastadoras para as vítimas, impactando suas vidas  antes mesmo de conseguirem provar a falsidade da imagem. 

As intenções por trás dessa prática variam. Alguns afirmam fazer por diversão, outros visam prejudicar a reputação e a dignidade de indivíduos.

Como funcionam os aplicativos? 
Os apps de deep nudes surgiram em 2019 e contribuem para um ambiente digital cada vez mais hostil. De acordo com o jornal El País, existem hoje 96 aplicativos disponíveis, usados principalmente para constranger ou espalhar imagens falsas. 

As ferramentas funcionam da seguinte forma: as roupas são removidas digitalmente por meio da inteligência artificial. Em seguida, as fotos falsas, ou até mesmo vídeos íntimos, são espalhados por aplicativos de mensagens. As imagens e os vídeos são baseados em um modelo real e depois alterados em computador. Ou seja, com apenas uma imagem da pessoa, esteja vestida ou de biquíni, os softwares geram uma versão falsa em que ela parece estar nua. Para obter resultados ainda mais realistas, há a opção de pagar uma taxa.
 
O que fazer ao ser vítima? 
Em primeiro lugar, é fundamental manter a calma. Lembre-se que é possível provar que a imagem ou vídeo foram adulterados. Procure a polícia, registre um boletim de ocorrência e tente evitar o acompanhamento constante das redes sociais para preservar a saúde mental. A assistência de um profissional especializado em direito digital é imprescindível. É permitido ainda registrar o material como prova, seja por meio de plataformas on-line de validação, como a Verifact e OriginalMy, ou por uma ata notarial em um cartório. 

Os pais também têm papel fundamental e devem oferecer suporte incondicional. Isso também vale para a sociedade em geral: antes de julgar ou compartilhar qualquer conteúdo sensível, é preciso refletir sobre as possíveis consequências. Embora a criação de deep nudes seja perturbadora, é crucial lembrar que a responsabilidade nunca é da vítima. O ato de criar, compartilhar ou mesmo possuir imagens falsas é uma violação dos direitos individuais, além de uma transgressão que pode ter consequências graves. 

Considere ainda a possibilidade de se manifestar publicamente. Isso não é uma obrigação, mas pode ser um passo importante na sua recuperação e na luta contra esse tipo de abuso. Explicar que a imagem ou vídeo é resultado de uma manipulação por inteligência artificial e que as medidas legais estão sendo tomadas, pode ajudar a esclarecer a situação e alertar outras pessoas. 

Conscientização e direito digital 
A tecnologia avança rapidamente e muitas vezes supera a capacidade de a lei acompanhar. No entanto, o campo do direito digital está se desenvolvendo para responder a esses novos desafios. Educação e conscientização são fundamentais. É preciso informar sobre esse tipo de ameaça para que cada um possa se proteger e saber como agir. 

Por fim, precisamos continuar a luta contra abusos digitais e responsabilizar quem utiliza a internet de forma antiética e criminosa. Garantir que leis e normas sociais evoluam é um dos principais desafios.  

(Fonte: Dr. Anthonio Araujo Jr, especialista em direito corporativo e financeiro).