Segundo o Gartner, grupo de inteligência de mercado que atua na área de tecnologia, as empresas estão lutando para obter retorno nos projetos de inteligência artificial generativa (IAG) que empreenderam.
Vivaldo José Breternitz (*)
Isso é difícil, e segundo o Gartner, um terço desses projetos acabará sendo abandonado. Segundo Rita Sallam, analista do grupo, “após o hype do ano passado, os executivos estão impacientes para ver retornos sobre os investimentos em IAG… à medida em que o escopo das iniciativas se amplia, o peso financeiro de desenvolver e implantar aplicações de IAG é cada vez mais maior”.
Sallam diz que os custos dos projetos são altos, com investimentos iniciais variando entre US$ 5 milhões e US$ 20 milhões, quando se constrói aplicações personalizadas e mais sofisticadas a partir do zero – aqui também há custos adicionais, da ordem de US$ 8 mil a US$ 21 mil por usuário, por ano.
Mesmo uma aplicação muito básica, que não configura propriamente um projeto, em que se usa ferramentas gratuitas para, por exemplo, auxiliar na elaboração de programes de computador, pode gerar custos iniciais ao redor de US$ 200 mil. Além dos custos, o Gartner disse que outros fatores podem condenar projetos de IAG, dentre eles má gestão de riscos e dados de má qualidade.
Mas nem tudo são más notícias. Algumas empresas disseram ao Gartner que usando a tecnologia obtiveram benefícios como aumento de receita, economia de custos e aumento de produtividade. No entanto, o Gartner alerta que esses benefícios podem ser difíceis de medir.
Outras boas notícias para IAG vem do grupo de mídia Bloomberg, que pesquisou o assunto e concluiu que o número de empresas desenvolvendo trabalhos de implantação de IAG dobrou entre dezembro de 2023 e julho de 2024.
Mas cautela é necessária: Brad Lightcap, COO da Open AI, que criou o ChatGPT, disse recentemente que “empresas tem procurado a OpenAI esperando que a IAG resolva seus problemas, reduza drasticamente os custos e traga de volta o crescimento, tudo isso muito rapidamente. Esses resultados, se chegarem, o farão a longo prazo; IAG pode melhorar algumas coisas, mas não pode operar milagres, até porque a tecnologia está em sua infância, em fase experimental, e ainda não é confiável para aplicações críticas”.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].