À medida que a inteligência artificial generativa continua a trazer novidades aos mundos do trabalho, da educação e à vida cotidiana, uma grande universidade está adotando-a de forma efetiva.
Vivaldo José Breternitz (*)
A Universidade de Harvard está usando uma ferramenta de inteligência artificial baseada no ChatGPT para ajudar a ministrar um curso de introdução à ciência da computação, o CS50, que é o maior da instituição em termos de número de alunos; a cada ano, 800 alunos matriculam-se no curso, onde são utilizadas ferramentas como Scratch, C, Python, SQL e JavaScript.
Inicialmente, cerca de 70 alunos do curso começaram a utilizar a ferramenta, batizada CS50 Bot, que pretende dar suporte ao processo de ensino e aprendizagem.
O CS50 Bot pode oferecer ajuda personalizada aos estudantes, ao entender suas dificuldades na área de codificação, fornecendo-lhes explicações detalhadas e feedback imediato quando da realização de exercícios e tarefas.
Isso evita que o processo de aprendizagem fique paralisado e os estudantes desmotivados quando professores ou seus assistentes não estejam disponíveis – isso pode resultar em melhores taxas de retenção de alunos.
A ferramenta não se destina a substituir professores ou assistentes de ensino, mas sim a “apoiar os alunos e permitir realocar nossos recursos mais úteis – os humanos – para ajudar os alunos que mais precisam. Não é para reduzir o número de professores, mas para aprimorá-los”, como disse David Malan, um dos professores da Universidade que ministra o CS50.
Diversas instituições de ensino já estão utilizando inteligência artificial em sala de aula, e outras estão trabalhando para introduzi-la. O uso da ferramenta nesse curso de Harvard pode acabar se tornando um padrão para a adoção mais ampla da inteligência artificial no ensino superior.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.