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Há alternativas para o Twitter?

em Tecnologia
quarta-feira, 27 de abril de 2022

Mais uma novela está começando tendo como personagens centrais os fãs de Elon Musk, que formam uma espécie de seita de entusiastas da tecnologia, e os fiéis apocalípticos, que consideram o Twitter, morto e enterrado, pelo menos como o conhecemos até hoje.

Vivaldo José Breternitz (*)

A aquisição da plataforma pelo fundador e CEO de empresas Tesla e SpaceX por 44 bilhões de dólares, negociada muito rapidamente, assustou os fiéis, que se perguntam para onde migrar, de vez que a maior parte deles não compartilham com as ideias de Musk, o homem mais rico do mundo.

Em seu primeiro dia como proprietário, Musk falou da aquisição, publicando uma captura de tela contendo muito mais que os 280 caracteres permitidos pelas mensagens do Twitter; ali reafirmou sua posição em favor da liberdade de expressão, o que muitos interpretaram como um sinal verde para a volta de pessoas que foram banidas pela plataforma em função de suas postagens extremistas, como o ex-presidente Trump.

Isso assustou ainda mais os fiéis, que, no entanto, seguem sem grandes alternativas à vista. Uma delas seria o Mastodon, uma rede social inspirada no Twitter, porém com recursos próprios que a tornam diferente deste e que tem despertado certo interesse nas últimas semanas, apesar de existir há seis anos.

O Mastodon foi criado pelo alemão Eugen Rochko; tem 4,4 milhões de usuários, contra os 126 milhões do Twitter. No entanto, observadores isentos não acreditam que possa haver uma migração em massa do Twitter para o Mastodon, ao menos no curto prazo.

Outro fator de preocupação dos fiéis é o com o próximo “deslisting” das ações do Twitter, que deixarão de ser negociadas em Wall Street, fazendo com que diminuam as obrigações da empresa em termos de transparência frente à opinião pública.

A considerar também o alerta que a União Europeia já deu a Musk: ele é bem-vindo, mas deve seguir as regras da EU, inclusive o novo  Digital Services Act, que trata especialmente de conteúdos ilegais e desinformação.  

Assim, fica claro que o valor do Twitter, fundado em San Francisco por Jack Dorsey, Biz Stone, Evan Williams e Noah Glass, no ano de 2006, reside precisamente na sua singularidade: ao longo dos anos, nenhum concorrente realmente poderoso surgiu – é um caso único no ecossistema das redes sociais.

Agora, é aguardar os próximos capítulos

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de IoT.