A gigante americana de tecnologia Dell planeja deixar de usar chips chineses em seus produtos já no próximo ano, bem como reduzir a quantidade outros componentes fabricados na China.
Vivaldo José Breternitz (*)
A notícia foi dada pelo jornal japonês Nikkei, esclarecendo que empresas ocidentais buscam tornar-se menos dependentes de fornecedores chineses em função da piora das relações entre Washington e Pequim e dos problemas que a COVID vem trazendo à China.
A Dell – a terceira maior fabricante de computadores do mundo depois da Lenovo e da HP – também disse que planeja cortar o uso de chips e outros componentes fabricados na China por empresas não chinesas.
As medidas adotadas pela Dell refletem as crescentes preocupações das empresas ocidentais, à medida que o governo Biden impõe restrições ao comércio com a China, especialmente no que se refere a tecnologias voltadas à produção de chips e à inteligência artificial.
Para navegar no mar agitado de tensões Washington-China, empresas de diversos ramos – da Apple à Nike – tem colocado em ação planos de contingência para transferir a produção da China para outros locais da Ásia, onde a mão de obra é barata.
A pandemia também contribui para mudanças como estas: durante grande parte do período 2020-2022, as rígidas medidas de contenção da pandemia na China trouxeram problemas às operações e à logística das fábricas; agora, quando em função de protestos Pequim reverteu abruptamente suas política de COVID-zero, parece que a pandemia vem trazendo problemas ainda maiores ao país, que desde 25 de dezembro deixou de divulgar dados diários acerca do assunto.
O governo chinês informou que entre 6 de dezembro e 5 de janeiro, aconteceram 6 mortes por COVID no país, embora haja evidências de que hospitais e casas funerárias estejam sobrecarregados. A Airfinity, uma empresa do Reino Unido que coleta e analisa dados de saúde, estimou em 29 de dezembro que a cada dia cerca de 9 mil pessoas estão morrendo de COVID na China.
Além das preocupações com a economia, para os brasileiros vale lembrar que a pandemia não acabou, especialmente quando se fala de uma nova variante da COVID, a XBB.1.5, que vem se espalhando com rapidez nos Estados Unidos e a respeito da qual a Organização Mundial da Saúde já manifestou preocupação.
Devemos continuar nos cuidando.
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.