O uso de videogames, televisão e computadores têm um impacto muito severo na saúde física e mental de adolescentes após poucas horas de uso, gerando distúrbios psicossomáticos, aqueles em que sintomas físicos são consequência de impactos emocionais e psicológicos.
Vivaldo José Breternitz (*)
Isso foi confirmado por pesquisas conduzidas pelas universidades canadenses Queen’s University e University of Ottawa e pela University of Queensland, da Austrália, conforme diz o American Journal of Preventive Medicine ao relatar os resultados dos estudos que envolveram mais de 400 mil adolescentes.
Os estudos correlacionaram o tempo passado em frente à tela com a frequência com que a pessoa sofria de distúrbios de natureza psicossomática como dores de cabeça, abdominais e nas costas, sensação de depressão, irritabilidade, mau humor, nervosismo, insônia e tonturas.
A pesquisa constatou que adolescentes do sexo masculino que assistiam mais de quatro horas de televisão por dia tinham 67% mais chances de relatar distúrbios psicossomáticos do que aqueles que assistiam menos de duas horas por dia. Para as meninas o risco era 71% maior.
No caso dos videogames, o risco subiu para 78% para meninos e 88% para meninas. Não menos prejudicial foi o uso de computadores e outras telas para fins de entretenimento: neste caso, o aumento de distúrbios psicossomáticos foi 84% maior em meninos e 108% maior em meninas.
Os resultados deste estudo são preocupantes, pois o uso de telas entre adolescentes aumentou significativamente nas últimas décadas, e especialmente nos últimos anos com a pandemia e com o barateamento do acesso a esses dispositivos.
Pesquisas desse tipo ajudam a entender esses problemas, que apesar de sua relevância ainda são poucos estudados.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de IoT
