A exploração do espaço é um dos ramos onde se aplica tecnologia extremamente avançada.
Vivaldo José Breternitz (*)
Mas, tecnologia também envelhece; é o caso dos foguetes Ariane 5, da Agência Espacial Europeia, que tiveram uma longa trajetória de sucesso – foram quase três décadas lançando satélites e espaçonaves. Ao longo desse tempo, o icônico foguete tornou-se símbolo do acesso seguro da Europa ao espaço.
Porém, o fim chegou para o Ariane 5; há alguns dias o último deles levou para o espaço dois satélites de comunicações, o Heinrich-Hertz e o Syracuse 4B, ambos financiados pelo governo francês e construídos pela Airbus.
O lançamento do primeiro Ariane 5, em junho de 1996, foi um fracasso; seu segundo lançamento, um ano depois, também não foi totalmente bem sucedido. A partir daí o foguete obteve um notável registro de sucesso em 116 outros lançamentos.
Além dos satélites de comunicações e de uso comercial, o foguete lançou várias espaçonaves importantes, como Rosetta, Herschel, Planck, BepiColombo e JUICE. Talvez a mais importante tenha acontecido em dezembro de 2021, quando colocou em órbita o Telescópio Espacial James Webb da NASA; o lançamento foi tão preciso que permitirá ao telescópio uma vida útil de 20 anos, ao invés dos 10 previstos.
Há quase uma década, a Agência Espacial Europeia percebeu que o Ariane 5 não era mais competitivo em termos de custos com foguetes mais recentes, particularmente o Falcon 9 da SpaceX. Por essa razão, decidiu desenvolver um novo foguete, o Ariane 6, que seria uma modernização bastante radical do Ariane 5 – dizia-se que voo inaugural aconteceria em 2020.
A previsão, no momento, é de que esse voo ocorra apenas em meados de 2024 – e são estimativas não oficiais, pois sabe-se que ainda há muito trabalho a ser feito em seu sistema de ignição e software de controle.
Esses atrasos não são bons para a Europa, cujas missões espaciais mais importantes dependem agora da SpaceX, de Elon Musk.
Todos os Ariane 5 partiram da base de Kourou, na Guiana Francesa em função de sua localização – lembremo-nos que a base brasileira de Alcântara tem uma localização tão privilegiada como a de Kourou, e poderia estar sendo utilizada para lançamento de foguetes brasileiros e de outros países, o que, infelizmente não vem acontecendo, por diversas razões, dentre as quais sua proximidade de áreas ocupadas por quilombolas.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.