Vivaldo José Breternitz (*)
Um novo problema vem preocupando os profissionais da área de saúde: trata-se do doomscrolling, o hábito de buscar más notícias na internet de forma compulsiva.
Essa prática cresceu durante a pandemia, em parte por que esta era algo novo, assustador, e em parte porque ficando em casa, as pessoas tinham mais tempo disponível. Apesar de a pandemia parecer estar sob controle, não faltam motivos para o doomscrolling: guerra na Ucrânia, inflação, polarização política, crise climática etc.
Agora, um estudo publicado na revista Health Communication mostra que essa prática pode causar danos à saúde mental e física, ao elevar consideravelmente os níveis de estresse e ansiedade
O professor Bryan McLaughlin, da Texas Tech University, principal autor do estudo, disse que o doomscrolling gera nas pessoas um estado constante de alerta máximo, fazendo com que para elas o mundo pareça um lugar sombrio e perigoso, levando-as a entrarem em um ciclo vicioso, ficando incapazes de se desligar e sendo cada vez mais atraídas pelas más notícias, buscando atualizações constantemente para tentar aliviar seu sofrimento emocional. Tudo isso começa a interferir em outros aspectos de suas vidas, inclusive na saúde física.
Cerca de 70% dos entrevistados relataram problemas trazidos pela prática de doomscrolling, dos quais 17% em nível grave.
É mais um problema de saúde trazido pela tecnologia da informação.
(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.