Uma semana de trabalho de quatro dias pode se tornar lei na Califórnia, caso seja aprovado um projeto que tramita no legislativo naquele estado americano.
Vivaldo José Breternitz (*)
A semana de trabalho típica seria reduzida de 40 para 32 horas, sem redução de salários, em todas as empresas com mais de 500 trabalhadores. Horas que excedessem as 32 deveriam ser pagas com acréscimo de pelo menos 50%.
Segundo os autores da proposta, após dois anos de pandemia, mais de 47 milhões de funcionários demitiram-se, deixando uma mensagem clara de que a sociedade quer um melhor equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal, buscando mais saúde emocional e mental.
A Câmara de Comércio da Califórnia, uma entidade patronal, se opõe à nova medida, alegando que ela imporia custos insuportáveis às empresas, acabaria por desencorajar o crescimento do nível de emprego ou até mesmo diminui-lo, com empresas reduzindo seu tamanho em função do limite de 500 funcionários ou saindo do estado.
Embora as discussões sobre uma semana de quatro dias não sejam novas, a ideia ganhou força nos últimos anos, com defensores da ideia dizendo que o aumento do bem-estar dos trabalhadores poderia levar até a um aumento da produtividade.
Várias empresas estão testando a semana de 32 horas, incluindo a Unilever; no entanto, o número das que adotaram a semana de quatro dias permanece baixo: o site de vagas Indeed disse que menos de 1% das oportunidades que oferecia em março previam esse regime de trabalho, praticamente todas em escritórios. O instituto de pesquisas Gallup dizia em março de 2020 que apenas 5% dos americanos trabalhavam quatro dias por semana, 84% cinco dias e 11% trabalhavam seis dias por semana.
Ao que parece, os propositores da nova medida estão apenas buscando votos – acreditamos que as probabilidades de sucesso de medidas como essa são praticamente inexistentes.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de IoT.