CEO da Jaffé Produções e ponte entre influenciadores digitais como Marina Ferrari e Nathalia Lucena e grandes marcas, empresária afirma que para precificar o trabalho de um influenciador é necessário experiência, know-how e principalmente intuição
Priscila Jaffé (*)
Inspirada por sua avó, que foi empresária de artistas da música clássica, Priscila Jaffé, CEO da Jaffé Produções, se torna atualmente referência no empresariamento artístico no Brasil, trabalhando tanto com influenciadores digitais quanto com marcas que buscam presença no mercado digital. Ela iniciou a carreira em 2015, com a influencer Marina Ferrari – que hoje possui 3,2 milhões de seguidores – e agora já carrega em seu portfólio outros grandes nomes como Gabriella Lenzi, Leydi Paranhos, Carla Prata, Monick Camargo e Nathalia Lucena.
Atualmente, uma das maiores dúvidas dos influenciadores é justamente como dosar o que seria correto na hora de precificar o trabalho. A referência ao número de seguidores que sempre foi supervalorizado, hoje entra em declínio em detrimento ao engajamento. Encontrar o equilíbrio entre esses números se torna cada vez mais difícil. Por isso, a empresária reuniu um pouco da sua experiência e deu dicas para quem precisa impor cifrões a própria imagem.
• Pesquisa de campo: Em primeiro lugar, Priscila destaca a importância de conhecer a sua área de atuação. Saber quem são os nomes em evidência e quanto eles cobram por um publipost é essencial para não fugir à realidade. “Verificamos seguidores, engajamento e valor de imagem da pessoa. Às vezes o influenciador nem tem um super engajamento, mas possui uma imagem muito forte. Tudo isso precisa ser analisado para entender a forma que um trabalho foi precificado”, afirma.
• Seguidores x engajamento: A conta mais complexa mas a mais necessária para formar uma base de preço. A empresária destaca: “hoje já existem marcas que olham mais para o engajamento, mas eu prefiro continuar medindo um pouco de cada coisa, pois no fim das contas é o que vale. Quem tem muitos seguidores comprados, deixa nítida a falta de engajamento e acaba deixando o cliente insatisfeito. Mas quem apresenta muito engajamento sem um número de seguidores coerente, acaba passando insegurança”. E aí se encontra a importância em balancear a ascendência do influencer no ramo. “É necessário fazer uma balança para depois pensar em subir o preço”, conclui.
• Influencer de negócios: O seu preço nunca deve ser o final. “Eu sempre oriento a começar com o valor um pouco acima para haver uma margem de negociação”, diz Priscila. A negociação também depende do quanto o influenciador quer aquela marca. “Tem que balancear se a marca te traz um embasamento como influenciador para saber até quando vale ser flexível. E claro, se você quer muito aquela marca e precisa cobrar menos por isso, cobre menos. Mas sempre mostre o seu valor. Aqui tem que ter feeling para negociar”.
• Uma vez “grátis”…: Sempre grátis. “É o que eu sempre digo: não gosto de permuta porque as marcas conversam entre si. Se você trabalhou por permuta com uma marca, vai ter dificuldade em negociar valores com outra. Algumas valem a pena por questões de engajamento para quem está no início, mas tem que ser feito com muito cuidado” alerta Priscila.
• O mesmo vale para stories, pois também são parte do trabalho. “Um story gratuito agradecendo a recebidos pode ser feito, desde que não seja diariamente. Mas se por exemplo, alguém fechar uma sequência de três stories e você fizer cinco, vai estar agradando o seu cliente e fazendo o seu trabalho da melhor forma possível. É algo bem diferente de fazer algo de graça. Novamente, o “grátis” deve ser muito bem pensado para não virar uma bola de neve e todo mundo querer o seu trabalho de graça sempre.”
• Demais plataformas: De acordo com pesquisas, hoje o Instagram é a rede social com maior tempo de engajamento. De acordo com Priscila, a não ser que o influencer seja muito grande em outras plataformas ou atinja a um público totalmente diferente, a divulgação no Instagram vem em primeiro lugar e o restante é fechado em combos junto ao valor da rede de fotos e vídeos.
• Valor pessoal: Acima de tudo, de acordo com a empresária, o influenciador precisa estar ciente do seu valor e que este é um trabalho como qualquer outro. “Ninguém vai ao mercado e pega um sabão em pó de graça porque quer. O mercado não vai te dar de presente para você talvez comprar da próxima vez. Se o cliente quiser, ele compra, se gostar, compra novamente, se não gostar, não compra mais. Valorizar o seu trabalho é essencial! E você só vai valorizá-lo ante ao mercado quando precificá-lo”, finaliza.